quinta-feira, 31 de março de 2011

Santarnárnia


Entre o dia vinte e cinco e o dia vinte e sete de Março de dois mil e onze, por todas horas, realizou-se em Santarém uma reunião presidida por mim e com a presença de Andrè, Dori, Johnny, DJ e Chico Norris e com a seguinte ordem de trabalhos.

Tinha pedido à Nela que fizesse sopa e carne picada para comermos e com esses elementos esperei à porta de casa que Johnny e Dori me fossem buscar. Atrasaram-se, porque se perderam um bocadinho, mas logo continuámos no infernal trânsito de sexta-feira, rodeados de pessoas que tinham tido exactamente a mesma ideia que nós: passar o fim-de-semana fora. Mas ao contrário de nós, não iam para Nárnia. Nós estávamos a caminho. Andrè, Chico Norris e DJ estavam atrasados, pois havia problemas no nosso perlimpim. Pediram encarecidamente que levássemos vinho bom. Parámos em Aveiras, onde Johnny lhes telefonou e eles voltaram a pedir vinho, montanhas de vinho (tal também já vinha escrito na lista de compras). E aí ele disse-nos que não havia boas notícias. Eu cá conseguia sobreviver com isso bastante bem, mas Dori ficou triste. Estava triste porque “era a sua única oportunidade de experimentar” e assim “ia ser só uma bebedeira normal”. Mal sabia ela que este fim-de-semana ia ser composto por uma série de partidas de Johnny que envolviam pequenas mentiras deste género.

No dia anterior, o meu pai tinha feito croquis. Não precisámos deles até entrar em Santarém, onde fomos ao Modelo, que agora é Continente. Fizemos duzentos euros em compras, sabe-se lá de que forma, após duas horas de longa pesquisa. Encontrámos Chico Norris e os outros na secção dos vinhos, onde Andrè me abordou imediatamente dizendo “estás com a mocaaaa”. Eu disse-lhe que sim, e que ele também, mas ele não estava, o que é uma pena porque os supermercados são mais interessantes assim. Pessoalmente, causam-me sono normalmente. Depois sim, precisámos dos croquis. Ao que percebemos que eles não estavam numerados! Assim, após alguns momentos de pânico, lutámos por encontrar o caminho. Eu sabia apenas que era em direcção a Rio Maior e Caldas da Rainha e entretanto comecei a reconhecer o caminho. Chico Norris tinha um GPS, mas passado algum tempo eu era um melhor GPS. Apenas não me chamo Gisele, que é o nome de todos os GPSs. Isso ou Darth Vader. Entrámos no Picaró, terra demoníaca, e saímos do Picaró alguns segundos depois. Entrámos na Moçarria, dirigimo-nos aos Casais da Marcóia ignorando a Vila Nova da Babeca e as Outras Direcções e entrámos na inominada Quinta dos Limoeiros, com o seu portão verde fechado com uma grande corrente e cadeado e o seu “parque de estacionamento” não iluminado. Guiei os carros pela rua abaixo, até lhes mostrar onde estacionar, no meio da erva crescida. Assustaram-se com a carrinha abandonada do meu pai, pois pensavam que esta era a casa. Até nem era má ideia. Mostrei-lhes o interior, arrumaram-se as coisas, montaram-se as colunas de som, Andrè descarregou duas travessas de massa com queijo e couves e salsichas de peru e eu cheirei a minha casa. Cheirava ao mesmo. Tinha coisas novas, como o sofá vermelho e o tapete, mas não as detestei, como costumo fazer às coisas novas. Estava lá o poster dos Pokémons e o poster da Marilyn Monroe. O meu armário tinha a minha camisa e o meu pijama, a minha cama tinha o meu edredon e a minha cómoda tinha as minhas velas. Estava em casa.



No pack de 7Up, vinha um notebook do Fido. E ele nos acompanhou, prova viva dos acontecimentos.

Santarém
                                               25/03/2011
Assim, às 22:46, damos início à nossa aventura.

Início modo caos! [00:40]
UNO CARALHO
Eu acho que devemos ouvir The Kooks, mas ninguém me deixa 1:43


Vamos curtir música fofa japonesa caralho.

DESENHO DE UM HAMSTER

O Asimov foi ligado, com a linda imagem do Kusuriuri, vendedor de remédios, meu pai adoptivo e meu explicador de farmacologia (além de meu husbando~), e com som. Obriguei toda a gente a ouvir música Japonesa, nomeadamente MINMI, Malice Mizer (a Au Revoir, do tempo de Nosso Senhor), ARM, ReDALICE, Kagamine Rin, Hatsune Miku, Perfume, Megurine Luka, MEIKO, Gackpoid e outras músicas, como Kassim e a cover de Nouvelle Vague da Forest. Neste momento já teríamos entrado no referido modo caos, após utilização do kit de cortar pêlos do nariz. Comecei a admirar elementos da minha casa, nomeadamente o novo tapete e os espanta espíritos que, por sinal, rodopiavam. Dançámos muito. DJ aparentemente gostou de happycore. Tentámos por a sheesha – ou lá como se escreva – a funcionar, mas nunca conseguimos. Não pegava, o carvão. Tínhamos verde por cima e transparente por baixo, ma combinação perfeita. Mas no processo queimamos o fosso do castelo e criámos a unidade de queimados no hospital. Finalmente ficou alguma coisa de jeito, bem saboroso por acaso, mas foi de pouca dura. Andrè abriu garrafas com dificuldade. Tive de perguntar ao meu pai onde havia saca-rolhas, mas ele não me disse, só disse para termos cuidado com o whisky porque tinha todo doze anos.

Antes disto já tinha ido ver o meu cão, o Infeliz. Sentei-me ao lado dele e falei com ele. Chorei um bocadinho ao pé dele, porque já não o via há muito tempo e muitas coisas aconteceram desde essa última vez. Depois voltei e explorámos um pouco.

Eu sou uma árvore

DESENHO DE UMA ÁRVORE

É lembrar que já sabes
 444

5:37
Querida
                Mudei a casa ao som de Daft Punk
Harder, Better, Faster
Stronger

Descoberta a arma do crime! 5:46

Chico Norris estava com problemas, depois de ter perturbado o chão da minha casa de banho. Aparentemente, deram-lhe um papelinho. Um pedacinho de guardanapo, está claro. Depois encontraram um grande pedaço de guardanapo, pelo que concluímos que Chico Norris tinha morrido com uma overdose de guardanapo. Entretanto Andrè também já se havia retirado, para dormir muito e ficar acordado no dia seguinte.

Havia livros por toda a parte, diga-se de passagem.

6:01
Estou contente por ao menos ainda ter dinheiro para gastar em ácidos.

Está verde lá fora
6.26

(07:32)-FEXA

Estou acordada. E só.
12:34

14:08
Onde é que está o leite???
Damnnnn!

Acordei! (15:20)

Após um jogo de UNO, joga-se trivial pursuit

Chico Norris sabia tudo.

16:48
Onde é que está o tchan?!?!

E agora ouvimos uma música de uma acta passada

17:15

Vamos jogar ao PI!

Foi feita utilização da tesoura de cortar pêlos do nariz de novo. Tentámos jogar ao UNO. Eu apenas observei. Foi fascinante. Depois eu brinquei durante alguns minutos, que me pareceram apenas alguns e não muitos, com a rata do Andrè.

(18:32) Com o isqueiro no rabo, a rata pode ficar com o rabo em chamas. Este quarto não tem camas. CHICK NORRIS

5 CAFÉS! (18:49)

Não correram bem.

O futuro é redondo e boobie like!
Afinal o chá de coca tá vivo!
Voa sem 1ª pata! … The dog days are over!

Já referi que pensavam que o meu candeeiro da sala eram mamas? Foi a minha mãe que o escolheu.

19:10 – Melhor torta de Morango do mundo

19:35 - Tu dormiste bué mas estás todo janado

19:42 – Chico Norris bora po quarto by Johnny

20:05 – Descobriu-se que o comboio que passa na castanheira e sai às 19:40 já partiu.

Isto descobriu-se mesmo, não foi alucinação. Eu e Dori tínhamos ido beber café e comprar tabaco à aldeia, a Moçarria, à pastelaria porque tive medo de entrar no café e encontrar lá todos os amigos do meu pai. Lá, ainda contemplámos ir pelas Outras Direcções, falámos com um cão, falámos com uma gata prenha e ouvimos falar do comboio que vinha do Setil e passava na Castanheira.

20:13 – Pra mim é morte. Já!

20:21
Lady Spanks the PUSSY

21:44
Andrè – “Dark é bom”

21:46
A partir desta hora a Dori passou a ser
CRISTINA!
Andrè diz acerca da luz no PC
Ela está quieta mas tb se está a mexer

21:55
CHIC NORRIS: GRANDE FESTA! J

22:05
Sim, sim, vai buscar o isqueiro

INGUANA

Neste momento saímos de casa para ver a aldeia. Primeiro fomos para o lado esquerdo, em direcção à auto-estrada onde está o fantasma do meu cão Shadow. Encontrámos uma casa enorme e entrámos pelo portão para a ver. Pensámos em entrar de forma definitiva, mas iriam logo saber quem são. Havia muitas casas novas que eu desconhecia e, ao ouvir os cães a ladrar, ficámos com receio e fomos para o lado direito. Subimos a rua e decidimos ir para Outras Direcções. Descemos uma rua enorme, que nunca quereria subir na vida, e andámos até à igreja. Lá, Andrè e Cristina separaram-se de nós para explorar uma rua escura, mas esperámos por eles e voltaram. Depois chegámos à tal rua e eu obriguei toda a gente a dar a volta, pela rua que está demonstrada no tapete da minha casa. Começou a chover e ninguém acreditava que eu estava a seguir no caminho certo, nem eu própria às vezes, mas a verdade é que consegui! Chico Norris voltara sozinho pelo outro lado. E começava a chover. Mas chegámos, sãos e salvos.



Em homenagem ao holandês VOADOR

DESENHO DE UM GATO

23:10
Esta música dá vontade de ir à coca (Andrè)

23:59
Jesus também ganiu, é verdade!

00:00
Onde é que está o tempo?

24:20
                O que é que eu meti?
O corpo dela tá numa temperatura bué bacana

Street’s like a jungle
So call the police

Santarém, Santarém
Onde fomos nós parar
Tant ficamos ele f….
Cé et fica ….
E agora fa……
………..

1:14/2:14
O que é que eu escrevo aqui, afinal de contas?

É isto que querem pa vida…

2:27/3:27
DJErvilha: “EU ESTOU A VER PIXEIS”
                                               LOOOOOOOOOOOL

Quando cai a noite na cidadeee….
CÍRCULOS ESTRANHOS

Entretanto estivemos no Interespaço.

E DJ falava das pedras verdes cintilantes. Afinal, estávamos rodeados de verde.

Eu olhava para o Asimov e para o Kusuriuri. Via as estações a passar naquela imagem. Vimos aquilo a que chamámos a “novela”. Fitas que rodopiavam no desktop, um screensaver do Windows 7. Aquilo tinha uma história. Achamos. Pelo menos Cristina estava fascinada.

E durante todo este tempo, eu sentia a presença. Era estranho e assustador. Os meus espanta espíritos rodopiavam. E eu sentia a presença. Cada vez que olhava para trás parecia-me que vinha lá alguém. Um vulto escuro. Alguém que passava atrás de mim. Alguém que estava lá. A sétima pessoa. Supusemos tudo. Fantasmas. Aparições. Gente morta. O espírito dos livros. A moca. Cada vez que eu me ia ver ao espelho ou à casa de banho tinha medo, mas ao mesmo tempo não tinha. Pareceu-me ver a sétima pessoa atrás de mim quando me olhei ao espelho. Olhar no espelho era sempre uma aventura. Afinal nós éramos assim. Eu era uma pessoa vermelha e encolhida, com uma camisola às cores que parecia um marshmellow e era a coisa mais fofa que havia naquela casa.

Nicodemoemmmmm

5:04
“Deixa-me viajar na minha maionese” (Lady)

Andrè estava a ser mesmo chato, sempre a querer que eu bebesse. Olha bebe, dizia ele, mas eu não queria. Estava constipada. Entretanto estava  apassar a banda sonora do Tron e eu falei do Asimov, de como se estava a portar bem mas como eu não gostava da novela. E o Asimov zangou-se comigo! Começou a por uma música mesmo alta e assustadora, e a fazer com que as fitas andassem de uma maneira super agressiva e maldosa! Estava a deitar tudo cá para fora, a mandar-me tudo à cara! Mas eu perdoei-o.

O Asimov está a olhar para mim

5:12
Estou bué contente por parar o carrosel e eles não “Chico Noirris”
I LIKE
                Chicko Norris

Estamos emNova York? Se estivermos manda
*#121#número da pessoa#
VERDE

RISCOS

Por volta das 4 e meia
E não sei muito bem o que é
Que se esta a passar
Eu não estou aqui!
Eu NÃO
ESTOU
                AQUI!

De repente, Andrè decidiu mostrar-nos os desenhos que tinha feito. Começou a gritar “Chico Norris, Chico Norris, fiz um desenho teu!”

Era este o desenho.



E estes eram os outros. Depois ele desenhou toda a gente, menos eu. Ainda bem, porque senão iria sair algo como uma louca de olhos brilhantes e cabelos esbugalhados.



--> Completadas 12 horas

¼ p/as 5
Isto tem momentos bué dignos
Eu continuo a brilhar feito Eduardo.
Cristina: “Vai por a novela outra vez!!”
LOOOOOL

7:34
Assim dou por terminada esta nossa aventura.
Não percam o próximo episódio porque…

7:37
8:06 – Hora de fecho do carrocel

Vai ser giro arrumar isto tudo.

Ouvimos lounge budista, vimos o verde tornar-se azul, falámos do nosso projecto do Avante!Online, arrumámos tudo enquanto víamos um filme do Van Damme e fomos embora. Eu aspirei. Para mim o mais difícil, além da presença, do sono e do pânico de ter a cidade do tapete destruída, por meteoros e um maremoto de chuva ácida, foi pensar como haveria de escrever a acta.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Festa de Anos da Fifi



No dia dezoito de Março de dois mil e onze, pelas oito horas, realizou-se em Orange uma reunião presidida por Princesa Fifi e com a presença de mim, McSousa, o Guitarrista, Andrea, Hugolino, Ivone, Sunasa, amigos da Princesa Fifi e gente que se juntou e com a seguinte ordem de trabalhos.

Inicialmente encontrei-me com McSousa para irmos as duas para cima, do Chiado ao fatídico restaurante Orange e para lhe dar o meu texto do Sonho de Uma Noite de Verão. McSousa irá nos salvar a todos, pois aceitou substituir certa pessoa que apareceu em dois ensaios e nunca mais voltou, acatando assim o nada modesto papel de Titânia, Rainha das Fadas. Deixámos o texto no carro do Guitarrista, onde ainda houve uma troca de malas, de uma maior para uma menor, e uma pesquisa intensa por um pacote de lenços de papel que só seria encontrado – dentro da mala menor – muito mais tarde.

Assim que chegámos à porta do Orange, vimos passar uma pessoa gorda com uma caixa de bolo nas mãos. Pensámos como seria bom que a Princesa Fifi tivesse um bolo. Por isso, quando chegou o Hugolino, perguntámos-lhe se ela tinha bolo. Não tinha. E o que fizemos nós? Decidimos ir comprar um! Mas para a Princesa Fifi não poderia ser um qualquer bolo vulgar, não. Bolos de laranja, iogurte e chocolate, nada disso está certo. Para esta pessoa, o bolo apropriado é um cupcake. Por isso fomos a correr ao Tease, que ainda deveria estar aberto, e escolhemos um cupcake com uma amora no topo de geleia rosa que, por sua vez, estava no topo de frosting branco. A senhora da loja, ao perceber que se tratava de um bolo de anos, cedeu-nos uma vela e disse para darmos os parabéns. Quando voltámos, Princesa Fifi já lá estava. Tinham-lhe dito que tínhamos ido à casa de banho, desculpa bastante esfarrapada mas, dada a felicidade do ambiente, deve ter funcionado. A Princesa Fifi tinha um vestido mesmo giro, com gatinhos a brincar com bolas. Quero um igual, mas com cães ou passarinhos. Podem estar a brincar com as bolas à mesma.

Ivone, que estava à porta, entrou connosco. E com ela entrou um grupo de pessoas que não conhecíamos mas que eram amigos da Princesa Fifi. Com alguma dificuldade atribuímo-nos aos nossos lugares e começámos a enfardar pão com pasta de sardinha. Depois chegou a Andrea. Secretamente, olhámos para o presente que tínhamos comprado as quatro. Substituímos um dois por um quatro. Escrevemos as nossas dedicatórias no postal do Twilight que a Andrea tinha encontrado. Dizia qualquer coisa como “O teu amor… Para a eternidade”. Se não era assim era nestes trâmites. A minha dedicatória dedicava uma série de pequenos roedores ao novo ano de vida. Tudo isto por baixo da mesa. Andrea escondeu o cupcake na cadeira que estaria destinada ao Wolverine, não tivesse ele ficado aprisionado ao serviço do trabalho.

Bebemos, falámos dos professores, e depois levantaram a mesa de repente. Deram-nos uns copos de plástico para o resto da sangria e disseram-nos que precisavam da mesa, não podíamos ficar lá mais tempo. Que horror. Princesa Fifi disse-me que liderasse o caminho até ao Caricaturas, e eu comecei a liderá-lo. Mas ninguém me seguia. Andrea estava revoltada por McSousa vir a ser a Rainha das Fadas sem ela (poderia ser a Condessa das Fadas, ou a Baronesa das Fadas, se existisse tal personagem. Disse-lhe que podia arranjar maneira de ela ser o Muro, porque temos um actor que faz dois papéis, mas ela estava demasiado revoltada para me ouvir). Quando me virei para fazer com que me seguissem, uma série de gente tinha desaparecido. Dos amigos da Princessa Fifi só sobrava um, cujo nome até recordo, surpreendentemente. O Guitarrista tinha-se ido embora. E eu nem me despedira. Devo ter parecido uma bêbada antipática.

Enfim, fomos para o Caricaturas, onde pedimos o primeiro de muitos Dragon Ball (o plural de Dragon Ball NÃO É Dragonbóis!) e sentámos. Antes disso decidimos dar a nossa prenda à Princesa Fifi e acender a vela. A nossa prenda era um voucher para uma sessão de massagens faciais, para quatro pessoas. Essas quatro pessoas não têm necessariamente de ser nós, evidentemente, dado que não é uma prenda nada egoísta, absolutamente nada! No postal do Twilight eu tinha incluído um retrato da Princesa Fifi (um hamster russo com um vestido de princesa. E com uma coroa), que ela também pareceu gostar muito. Demos abraços de grupo, foi bom. Por momentos pareceu que ela ia chorar. Acho que o que ela apreciou mais foi mesmo o cupcake. Nós sabemos o gosto que tem pelos cupcakes do Tease. E por velinhas oferecidas por senhoras de loja simpáticas. Enfim, sentámos e falámos sobre tudo. Brindámos aos Licantropos, porque não me deixaram brindar às Gárgulas de Poliéster. Entretanto apareceu uma série de gente, e é a partir daqui que a minha memória começa a estar bastante difusa. Apareceu a TaSi, que tinha uma garrafa de moscatel só para ela. Apareceu o Wolverine. Apareceram Johnny, Chico Norris, Dori e DJ. Apareceu T., com mais pessoas.

Entretanto McSousa levou-me para a rua para me falar de um detalhe de Dominação do Mundo, a qual já não vai por motivos familiares. Quando voltei, fui à casa de banho. E dentro do armário da casa de banho… Estava Andrea. Abriu o armário e gritou-me, eu gritei-lhe de volta e depois eu fiz o que tinha a fazer e rimo-nos.

E por ali ficámos. Há alguns anos que não ficava, no verdadeiro sentido da palavra, no Caricaturas. Não sei quantos mais Dragon Ball bebi, do bem, do mal, mais ou menos. Talvez um ou dois. Ou três. McSousa diz que bebeu dezassete, mas depois a conta já estava nos trinta e quatro, nunca se sabe. Ocorreram várias coisas nesse local.

McSousa foi utilizar o seu efeito-bifa para conseguir bebidas gratuitas. Aparentemente conseguiu-as.

Disseram-me uma coisa importante, que eu ouvi mas não recriarei, e eu respondi de forma pouco importante porque nunca se sabe se as coisas importantes o são realmente ou se é só a fingir.

Andrea teve uma conversa séria comigo. Diz que não está chateada, mas é bem possível que esteja.

Falei com Dori sobre Dominação do Mundo, partilhámos medos e anseios. Garanti-lhe que não precisava de ter medo do carrocel, porque eu serei o seu cavalinho. Só precisa de se agarrar a mim e apreciar a volta.

Apareceu Chico Manel. Mandou a McSousa levantar a bufa do chão. TaSi adorou o Chico Manel, mas isso é natural, porque toda a gente o adora. Ele vinha desesperado por fumar verde, mas tinha sobre si o peso da responsabilidade de uma audição no dia seguinte. Mas o corpo venceu, e a mente ficou toda maluca.

Ivone e TaSi diziam coisas contraditórias sobre o Spear. Ou coisas análogas.

McSousa implorou moscatel a TaSi e eu tive de lhe pedir delicadamente para lhe molhar os lábios com esse melaço divino.

Entretanto a Andrea e o Wolverine e o T. foram-se embora. Eu quase que chorei para implorar que todos os outros ficassem comigo, estava demasiado animada para me ir logo embora. Ficaram, graças ao divino. Obrigada, obrigada, muito obrigada. Ivone e TaSi foram ter com uns amigos e a partir daí o Hugolino, que se mantinha mais ou menos silencioso desde a nossa ida para o espaço aberto da rua, começou a insistir que fôssemos ter com ela. Demorámos, mas conseguimos ir para o sítio onde ela disse que estava. Mas lá chegados, à porta do Eclipse, não a vimos. Descemos mais, já eram horas de fechar. Descemos mais e sugeri irmos para a Baixa, mas ninguém quis ir para a Baixa porque lá não se fazia nada. Fomos para o Jardim das Oliveiras, onde nada se faz também. Hugolino, Princesa Fifi e o amigo dela despediram-se no Camões. Antes disso McSousa e Princesa Fifi já tinham trocado de sapatos, porque os desta lhe faziam doer os pés. Mas os da Princesa Fifi eram demasiado grandes na McSousa e os da McSousa demasiado pequenos na Princesa Fifi, pelo que rapidamente voltaram a trocar.

Ao descermos, McSousa disse-me que gostava de nós e que podíamos ser simplesmente nós próprias ao pé umas das outras. O que é verdade. Somos se calhar as únicas pessoas ao pé das quais podemos ser aquilo que quisermos, que é sermos nós. Lá em cima ela havia chorado a dizer que não queria ser veterinária, também chorou no caminho e também chorou lá em baixo. Fiquei um bocado surpresa quando ela disse que naquele momento só a Rapariga-que-fugiu-de-casa a poderia compreender, quando a realidade é que todas compreendemos. Alguma de nós quer ser veterinária? Acho que não. Apenas nos habituámos à ideia de que vamos ser mesmo veterinárias e estamos todas a tentar adaptar-nos e a tirar o melhor partido disso. Não é o ideal, mas se calhar se trabalharmos agora possamos ter tempo livre para fazer o que realmente gostamos no futuro. Lá em baixo, houve outra discussão, em que a McSousa revelou que na realidade nunca está a filtrar com ninguém, quando todos acreditam que ela filtra. Houve revoltas. Eu cá estava a ficar um pouco farta da conversa, mas não havia maneira de a evitar ou de a mudar, e de falar de, sei lá, coelhos com cestos de ovos da Páscoa.

                Fomos depois esperar um pouco para a porta do Cais do Sodré, onde cantámos Excesso. Vimos um táxi e meti-me dentro dele sem esperar que a luz passasse a verde. No dia seguinte estava a dormir às dez da noite.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

terça-feira, 22 de março de 2011

Concerto do Miyavi



No dia dezassete de Março de dois mil e onze, pelas sete horas e meia, realizou-se em Santiago Alquimista uma reunião presidida por Miyavi e com a presença de Andrè e gente e com a seguinte ordem de trabalhos.


Tratava-se de dia de grande excitação. Havia combinado com Andrè que nos encontraríamos mais cedo e tudo, para ficar uma horinha no miradouro. Era o dia do concerto pelo qual eu hiperventilara na biblioteca da faculdade. Era o dia do concerto de Miyavi. E eu havia combinado com Andrè ir para o miradouro com um Don Simon. Até ao início da tarde em que, surpreendentemente, recebo mensagem informando que está doente e que só vai para lá mesmo à hora.


Tudo bem. Vou lanchar com o meu pai. Até tenho sorte, ele está de carro. Até tenho mais sorte, ele que deixar-me à porta. Vamos lanchar ao miradouro da Graça, umas belíssimas torradas naquele pão meio saloio mas que não é bem saloio. E depois ele deixa-me à porta do concerto. Eu levo uma saia cor-de-rosa com fotografias de cães, um saiote por baixo, a t-shirt do Gackt, um cardigan, um blazer com os pins dos cães que a Andrea me trouxe de Londres e um casaco comprido. E, o mais relevante de toda a roupa, levo as botas da Jo, que agora está coxa mas quando eu lhas pedi não estava, que têm uma biqueira de aço toda catita para partir as bocas da criançada.


Procuro a porta, engano-me na porta, encontro o fim da fila, bastantes metros mais abaixo da porta. Pergunto se me posso sentar. Sou convidada a juntar-me a umas moças de Abrantes e de Lisboa, uma das quais era a Cláudia e outra era a Daniela e uma tinha uma irmã chamada Vanessa. Se acaso lerem isto, fizeram a minha espera muito feliz, por isso obrigada. Entretanto vêm dizer que estão a distribuir números. Era mentira, para nos fazer sair do sítio. Aparentemente há uma miudagem que está lá desde as sete da manhã, como se fosse uma grande coisa, e que se auto-afirma como controladora das filamentosas bichas de pessoas que se alinham para entrar no Santiago Alquimista. O que eles não sabiam é que o Santiago Alquimista é um espaço suficiente pequeno para se ver tudo de qualquer ponto e para o artista ver toda a gente de qualquer ponto. Tendo já estado naquele palco, posso garantir que isto é verdade. Mas enfim, estas criaturas irritaram-me solenemente dado que estavam a lançar ordens aleatórias como “ALINHEM-SE TODOS!” ou “VÃO BUSCAR O NÚMERO”, como se mandassem em alguma coisa. Quem quisesse podia perfeitamente ter-lhes passado à frente, pois no amor e nos concertos é tudo válido. Felizmente primamos todos, excepto elas, por educação e – quiçá – mais anos a ir a locais de festividades.


Entretanto abri a minha garrafa de vinho Bávaro que vinha numa cesta que deram à minha mãe, esfumacei-me correctamente e assisti às novas moças com quem me tinha amigado a comer suculentos hambúrgueres do McDonalds. Falámos de concertos, havia uma que já tinha estado em MUCC. Eu cá vi Deus na terra, e acabei por lhes contar. Não lhes queria ter contado, porque não quero causar sentimentos odiosos a ninguém, mas tive de lhes contar para poder meter contexto na minha existência. Além disso, elas não gostavam de Perfume e disseram que fosse ouvir Gazette. Apesar das três músicas que tenho serem uma belíssima treta, irei dar uma segunda oportunidade, enquanto estiver a estudar Clínica das Espécies Pecuárias, ou assim. Depois a fila começou a avançar e eu entrei em pânico, porque Andrè não estava lá. Apesar de estar escrito que aquilo abria às oito e meia, ele convenceu-se que às nove e meia ainda não teria o concerto começado. Liguei-lhe histericamente e ele disse que apanharia um táxi do barco até ao destino. Eu não fiz por menos, deixei as minhas novas amigas entrar e esperei lá fora. Referi que tinha um chapéu? Esqueci-me de referir que tinha um chapéu. E maquilhagem. Eu tinha um chapéu e maquilhagem. Entrou toda a gente e vi o Apokas e a amiga dele, que me cumprimentaram. Tentei fazer com que ficassem lá fora comigo, mas não ficaram, tinham de entrar com a press. Depois vi o rapaz com quem tinha falado na Ramada, que olhou para mim de estranha forma e perguntou se eu era a rapariga do remo. Eu depois, na emoção de tudo, tentei explicar-lhe acerca de Momento Absolutamente Secreto, mas ele olhou para mim e disse que “havia coisas das quais não estava disposto a abdicar”. Espero que ele não tenha ficado com a ideia de que lhe ia roubar os louros e ficar com eles todos para mim. Tudo aquilo que eu quero é ir dançar, pois se posso dançar esta já passa a ser a minha revolução. Ainda espero o contacto dele, para lhe poder mandar umas coisas para acrescentar a uma playlist certamente muito cuidada mas que provavelmente terá falta de electropop.




Ao entrar toda a gente decidi entrar também. Disseram-me que não podia filmar ou tirar fotos, coisa a que obedeci imediatamente dado que nem câmara nem nada tinha comigo. Além disso não compreendo bem como é que se vai para um concerto e se tiram fotos, só mesmo com muita falta de tacto e de concentração no que se está a passar. Fui ver o espaço, encontrei o Apokas outra vez. Neste momento eu talvez estivesse um pouco inatingível. Ofereci-lhe vinho Bávaro e ele fingiu que se ria de eu ter piada, mas mais nada. Insistiu bastante no facto dos dois amigos dele terem trazido umas lirosas. Estavam a comer-se de forma extremamente bizarra, que não descreverei aqui porque é certamente impossível de descrever aquele espectáculo. Só consegui manifestar o meu espanto, pois eu não consigo fazer estas manifestações de adoração e desejo pelo toque humano nem com A, B, C ou M. Expliquei a situação, mas o Apokas não pareceu compreender bem que para mim as litrosas são como a água ou, melhor, como os tremoços. Acompanham, mas não matam a fome.


Finalmente o Andrè chegou. Saí para ir ter com ele, dei-lhe um abraço. Ele perguntou se eu estava com a moca, apelando à frustração por estar doente e não me estar a acompanhar. Eu ainda tinha algum vinho, mas acabei por o beber todo sozinha. Era bem bom. Gasoso. Doce. Esverdeado. O Andrè não quis ir para o pé dos jovens hipersexuados, com medo, por isso descemos. Eu queria mesmo descer. Ele não queria tanto, mas eu precisava do contacto humano. Vimos a merchandise à venda. Contemplei comprar uma t-shirt, mas depois vi que custava 25 euros. Desisti de comprar a t-shirt.


O público estava histérico. Gritava pelo Miyavi constantemente, o desgraçadinho já devia estar farto de os ouvir. E de repente, já lá estava eu em baixo a tirar casacos e chapéu e a abrir caminho com as botas da Jo, apareceu a criatura. Eu ao princípio nem o vi aparecer, era demasiado vulgar. Perfeitamente normal. Depois vi as tatuagens e fiquei contente. Epah, este tipo até é normal. Até é giro. Um tipo destes se não fosse um guitarrista vindo do Japão se calhar até olhava para mim. Parece perfeitamente vulgar. E vindos deste ponto pode resumir-se o concerto a alguns momentos mais importantes. Note-se que o público se manteve sempre histérico, fora de horas, dentro de horas, continuamente. As peruas estavam loucas, mas as frangas não se sabiam soltar convenientemente. Eu também berrava como uma doida, que mais havia de fazer? Tinha casacos e malas (já disse que a minha mala é a mala da tour Requiem&Reminiscence do Gackt? Porque é que eu vim fã do Gackt para um concerto de Miyavi? Talvez na esperança de que ele me visse e depois mandasse uma mensagem ao meu senhor dizendo “Olha bacano! Vi uma maluca que era tua fã no meu concerto!”) pendurados por todos os cabides corporais, por isso não podia bater muitas palminhas. Ele começou com a What’s My Name e essencialmente é o que eu me lembro das músicas que tocou. Tocou mais umas três que recordo com carinho e repetiu uma outra, mas lembro-me melhor das músicas que NÃO tocou, nomeadamente a Selfish Love (se a tocou olhem, não reparei, não dancei, não curti) e a Señor Señora Señorita, que eu queria porque queria e não aconteceram. Mas vejamos as coisas por ordem.


O senhor entrou. Tinha tatuagens aleatórias. Tinha o cabelo normal, com corte de senhora. Não tinha maquilhagem. Tocou a What’s My Name, agradeceu, foi tocando e agradecendo, depois disse que se chamava Miyavi e que vinha from Tokyo yo, e toda a gente berrou feita maluca. Claro que se fosse outra pessoa qualquer lhe tinham atirado com um tijolo, porque é isso o que se faz à chungaria. Depois tocou mais, depois pediu vinte segundos de silêncio pelo Japão. Foi um momento bastante tenso e intenso, estava um clima bastante pesado na sala. Foi um alívio quando ele agradeceu e toda a gente lhe berrou de volta. Depois ele tocou uma balada tétrica, fungando entre cada verso. Eu estava quase a ir dar-lhe um abraço e a dizer-lhe para não chorar. Eu também estive quase a chorar quando ele diz que foi uma decisão difícil vir para a Europa, deixando lá a família e os amigos, e quando eu me lembrei que por família se subentende uma mulher e duas crianças pequenas e quiçá um gato ou uma galinha. Acho que foi neste momento que me apercebi da treta que era o público deste concerto. Quando ouvi a gritaria até pensei que estava bastante composto, que não nos iam envergonhar em frente do homem que cá veio e que vai dizer aos outros como é que nós somos. Mas depois, durante a balada tétrica, estavam duas miúdas a conversar. Estava gente a conversar. Watafoca. Está o homem ali a abrir o coração à vossa frente e vocês estão a conversar? O Andrè até as mandou calar. Depois desapareceu, foi-se sentar e admirar de longe. Eu, por mim, continuei a avançar. Depois ele agradeceu outra vez e tocou mais coisas. Entretanto pôs-se a tocar uma coisa que citava “We love you We love you Kono sekai wa kimi wo aishiteru”. Eu achei fofo. Comecei a cantar também. Antes já tinha sentido que mesmo se ele não falasse ia conseguir mover a multidão. Quando ele se soltou nos agradecimentos e no fungar pelo Japão, acreditei que ele ia mover a multidão. Nesta música, vi-o a mover a multidão. Estava toda a gente a cantar isto, eu também, repetidamente. Com felicidade. Toda a gente a rir. E o gajo também se ria. Param de tocar progressivamente. Saca do telemóvel. Grava-nos. E ninguém para. Nunca me tinham gravado com o celular. Em nenhum concerto, e o leitor pode acreditar que eu já estive em tantos que não os consigo lembrar a todos, tinha acontecido algo assim. Já me vieram dizer que ele faz a mesma coisa em todos os concertos para meter no blog, mas que me interessa? Ele estava a rir. A RIR. Estava feliz. Isso só vale a pena. Ficámos uns bons minutos a cantar isto, e depois acabou. Mandou gritar o lado, o meio, o outro lado, o cima, o atrás, o outro cima. Várias vezes. Depois cantou outra música assim fofa, que eu sabia mas não me lembrava que sabia. Isso também foi um bom momento. Ele disse para nos calarmos que ele queria cantar a música e a sala foi percorrida por um infantil “sssshhh”. Numa ocasião normal seria simplesmente silenciada, por respeito e amor. As pitóides gostam tanto dele que nem sequer fazem o que ele pede sem lhes dizerem chiu. No entanto, ele começou e toda a gente, a medo, baixinho, começou a cantar com ele. Por isso acabou por dizer “ya sing along with me yo” e toda a gente cantou com ele. Depois foi a vez da acústica. Nada de Selfish Love para eu dançar. Depois voltaram as eléctricas. Cantou a Are you Ready to Rock? E quando lhe perguntávamos se estava Ready to Rock ele respondia I am Ready to Rock. Houve ali um momento de comunicação. Houve também ocasião em que eu me convenci que necessitada de ir para o palco ou para a frente, ou qualquer coisa, e magicamente avancei para a terceira fila. Obrigada, botas da Jo. Durante todos estes momentos ele andava meio louco pelo palco a dar-lhe imenso na guitarrada, excelente técnica e soltura avícola. Fabuloso. Não que seja um grande compositor. Não que a escolha das músicas tenha sido a mais brilhante. Mas que o homem toca bem, lá isso toca. Depois pediu outra vez gritos pelo Japão, também os gravou. Já os vi no tubo, mas não pareceram grande coisa a comparar com os Espanhóis. Agradeceu profusamente. Foi-se embora depois de estranho mix electro de guitarra na sua caixinha dos samples. Andrè referiu posteriormente que estavam pessoas a dançar electro como se tivessem ido lá propositadamente para dançar electro. Depois voltou. Tocou outra música outra vez. Vinha de t-shirt. Tinha dito antes que o backstage era frio (pudera, é todo de azulejo) mas que o palco era quente e que nós somos pessoas quentes. Depois foi-se embora completamente e não voltou. E eu fui embora também com o Andrè, para apanhar um autocarro, sem me despedir de ninguém. Tinha encontrado as minhas novas amigas no andar de cima e durante o concerto per-se, mas não houve troca de contactos, uma pena.


Em resumo, havia muita gente diferente, um público disperso e todo interessado, o que é surpreendente. Havia muitas pitas. Havia muito histerismo desnecessário. Havia muita imaturidade de concerto. Muitas fotografias ilegais. Muita gente a curtir como deve ser. Muita gente que só estava lá para gozar mas ainda assim gastou dezassete euros. Muita gente que estava lá completamente perdida. Muita gente que ouviu falar do Miyavi no dia anterior e foi ver porque era Japonês. Muita gente bacana. Muita gente bonita. Muita gente feia. Não estivemos mal, mas podíamos ter estado muito melhor. Teve cenas terríveis, mas também teve momentos extraordinariamente bonitos. Continuo com a We Love You na cabeça desde essa quinta feira, e hoje já é segunda.

Descemos a rua a discutir a idade do Miyavi, aparentemente tem só vinte e sete anos mas já produziu valiosa progenitura à qual faz penteados malucos para se divertir. Discutimos que eu deveria arranjar uma casa no Bairro Alto, para irmos para lá nestas ocasiões. Mas eu pensei no trabalhão que me ia dar a mudar-me. E teria de aprender a cozinhar.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.