quarta-feira, 20 de julho de 2011

Noites Difusas


Nos dias dois, oito e nove de Julho de dois mil e onze, por diversas horas, realizaram-se em Almada três reunião presididas por vários e com a presença de peixes-lua diversos e com a seguinte ordem de trabalhos.

Uma acta e vou tentar lembrar-me do resto.

Recordemos o que eu disse anteriormente sobre as actas estarem a ficar chatas por eu as escrever durante uma aula chata. Pois que essa aula chata já não existe e, se passar no exame desta sexta-feira, nunca mais irá existir. Consequentemente, durante três ocasiões consecutivas, a presente e incompetente secretária não escreveu as actas. Assim sendo, fica aqui uma colectânea dos momentos mais interessantes destas noites que passaram.

1.       Fomos ao Santuário, que estava arranjado por forma a existir um concerto lá dentro. Vim a saber que os intervenientes do concerto eram amigos da Ivone, que encontrei lá dentro. Não apreciando o que se estava a passar, subimos para o andar de cima. O andar de cima estava às escuras, mas não tinha nada que indicasse proibição de utilização, pelo que subimos à mesma. Lá em cima, reparando-se que eu não tinha cerveja, procedeu-se a um assalto. Depois apareceu o Louie que nos disse que não podíamos estar ali mas deixou-nos estar. Depois assaltámos mais o assunto, quando ele não estava. Ele voltou outra vez e voltou a deixar-nos estar. Disse-nos que não havia consumo obrigatório, pelo que o meu cartão estava aprovado. Mesmo assim eu pedi uma água à saída. Ainda esperámos algum tempo pela Cristina e pelo Andrè. Eu fui lá acima buscá-los e encontrei-os a dançar em cima do balcão, para um excitado público de pessoas invisíveis. Deixei-os estar e, de qualquer forma, foram ter connosco às piscinas a seguir.
2.       Aparentemente na noite anterior a esta, Johnny, DJ, Maria Ana e Andrè tiveram várias conversas de vários teores. Uma das mais importantes foi a criação do Clube de Cinema do Peixe-Lua. Por aquilo que eu entendi, escolher-se-ia um filme todas as semanas para discussão à posteriori.
3.       Na semana seguinte, encontrei-me apenas com Andrè, Johnny e Maria Ana. Tinham acontecido dramas com o Partido do Peixe-Lua, o que tinha levado à sua dissolução. Por isso discutimos que o novo partido, se alguma vez o houvesse, seria o Peixe-Lua Democrático, ou PLD, para ser mais de direita e menos comunista, pois no comunismo descansa a anarquia e pelos vistos nós não conseguimos funcionar com ela.
4.       Combinámos que haveremos de combinar ir ao Oceanário, ver o peixe-lua bebé (não o gigante, esteja em paz a sua alma), ao Jardim Zoológico e ao Aquário Vasco da Gama.
5.       Mostrei a Maria Ana o meu terceiro volume da novela Ai no Kusabi, por Rieko Yoshihara, que ela aprovou e adorou e que fiquei de lhe emprestar. Finalmente alguém que compreende o interesse que tenho pela literatura de cordel homoerótica Japonesa!
6.       Já nas Piscinas, Maria Ana pôs-se a ler Ai no Kusabi. Andrè ficou impressionado com a caracterização de Riki, um miserável transformado em pet pelo frio e malévolo (e loiro) Iason. Andrè também ficou impressionado pelo conceito de pet. E ainda não chegámos ao conceito de furniture, para verem o que é bom! À medida que ele perguntava “porque é que este livro é sobre mim?” e “quem é que escreveu este livro?” concluímos que tinha sido eu a escrever o livro e que o livro tinha sido escrito sobre Andrè. Assim sendo, ele é Riki e eu sou Rieko Yoshihara. Isto leva-nos…
7.       À Nossa Fantasia. Quando formos ao Japão, iremos a casa de Rieko Yoshihara. Vamos bater à porta e eu vou dizer-lhe “olhe, eu sou você e você sou eu”. Ela, em silêncio, vai-nos convidar a entrar. Vamo-nos sentar nos seus sofás verdes e ela vai servir-nos chá. Depois senta-se à nossa frente, com o tabuleiro sobre os joelhos juntos e vai olhar para nós à espera de clarificações. E eu vou explicar-lhe, que o Andrè é o Riki e que para escrever sobre ele só poderia ter sido eu e que, por conseguinte, eu sou ela. Como a Rieko Yoshihara é mesmo famosa nestas coisas do underground se calhar pode apresentar-nos a pessoas interessantes. Se calhar até conhece o Gackt! E, por coincidência, ela diz “por acaso ia jantar hoje a casa dele, querem vir?” E nós vamos. O Gackt abre-nos a porta, surpreendido por ver mais gente, mas aceita-nos em sua casa. Cozinha para nós, arroz com caril, mas nós interrompemos e perguntamos pelo Miyavi. E ele diz “vou-lhe telefonar”. E telefona-lhe. Por coincidência, o Miyavi está livre essa noite e vem jantar connosco! Arroz com caril. Acabamos de jantar e perguntamos “olhem lá, vocês gostam de The Cure?” E eles dizem “porque não?” e levantam-se e vão para um canto da sala, onde está uma guitarra e um piano e metem-se a tocar The Cure. O Gackt está vestido todo de preto, como o Robert Smith. Mas ainda está com o avental. O Gackt está a tocar piano e a cantar a Boys Don’t Cry, enquanto o Miyavi está na guitarra. E estamos assim, a ouvi-los tocar baixinho (não há amplificadores) e ali sentados de pernas cruzadas no chão alcatifado, simplesmente a derreter e ali a ouvir. E depois? Depois vamos para a varanda, com um copo de Whisky na mão. E estamos ali a olhar para o céu e para o mar e o Gackt começa a falar de coisas da vida. E nós ficamos ali, a contemplar a cidade de Tóquio e a ouvi-lo. E depois? Depois vamo-nos todos deitar, na sua enorme cama, no seu quarto com jacuzzi. Ele levanta-se e vai buscar um álbum de fotografias da infância e mete-se a mostrar-nos e a dizer “esta foi a minha adolescência, eu pensava que era um vampiro” Note-se que a Rieko Yoshihara ainda lá está. E que pensa “bolas, ele faz sempre a mesma coisa”. E depois? E depois, passado uns tempos, o Gackt vai tocar uma música a uma entrega de prémios ou assim. Chega lá e diz “hoje trouxe uns amigos”. E aparecemos nós e o Miyavi e tocamos uma música juntos. Depois trazemo-lo a Portugal e ele vai aprovar o nosso modo de vida.
8.       Johnny e Maria Ana levaram-me a casa de carro.
9.       No dia seguinte, fui a um evento de anime, vestida com um yukata preto com flores garridas e um obi cor de vinho. Era suposto ser um arraial do tipo Japonês, com jogos tradicionais, comida tradicional e animação tradicional em trajes tradicionais. Paguei três euros e não havia nenhum dos items anteriores. Ainda estive com a Shing a beber imperiais e ainda ouvi o Apokas a dizer mal da Shing, mas fui ligando à McSousa de forma a obter boleia para a sua festa de anos, na Costa da Caparica. A minha boleia chamava-se Pastorinha, e era da tuna. Fomos ao Pingo Doce comprar lasanhas e pizzas e depois fomos ao restaurante Japonês comprar comida Japonesa. Todos os empregados Chineses olharam para mim com o riso nos olhos. Depois chegaram o Hugolino e a Princesa Fifi, com pizzas que eram só para eles. De facto, esta noite foi uma noite de coisas exclusivas. Acredito que o Moscatel que levei tenha sido só para enfeitar, dado que não vi ninguém a bebê-lo porque era meu e não era dos outros. Vimos parte do concerto da Lady Gaga na televisão.
10.   Johnny apanhou-me no meio da rua e raptou-me acreditando que eu sabia o caminho da casa do Guitarrista para a casa da McSousa. Mas eu não sabia. Depois seguimos o Zé Gato até à praia da Fonte da Telha. Lá havia luz e estavam a cantar no karaoke. Sentámo-nos e lá estivemos.
11.   Durante uma das insistências para que falassem comigo, Johnny zangou-se comigo e disse que não falava mais comigo. Foi o que fez o resto da noite e começámos a ficar preocupados com ele, mas ele não nos dizia nada, o que nos levava a ficar ainda mais preocupados.
12.   Tirámos fotografias, eu, Chico Norris e Andrè, no topo de uma rampa da Olá, a fingir que éramos uma banda.
13.   McSousa combinou que ia ao Andanças com as amigas da Tuna. Isto ocorre nos mesmos dias de Fat Hill, pelo que tive de, nesse momento, a retirar da lista de pessoas que poderiam ir.
14.   McSousa pediu-me um cigarro.
15.   Fomos ver o mar, e Andrè molhou-se
16.   Depois fomos para casa do Guitarrista, onde se encheu tudo de areia.


E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Concerto dos Ena Pá 2000


No dia um de Julho de dois mil e onze, pelas dez horas, realizou-se em Bairro Alto uma reunião presidida por Ena Pá 2000 e com a presença de Chico Norris, Cristina e Libelinha e com a seguinte ordem de trabalhos.

Um concerto, uma morte e uma acta.

A propósito do concerto dos Ena Pá 2000 no Berlin Bairro Alto, Chico Norris juntou-se a Cristina para fazer a travessia do Tejo. Cheguei adiantada ao ponto de recepção, que era o Camões, mas Chico Norris indicou que, por motivo Cristina, o barco tinha sido perdido. Por isso avancei calmamente até ao Cais do Sodré onde, para fazer horas, decidi enrolar uma mortalha com um conteúdo odoroso e perfeitamente legal. Deu um resultado lindo e maravilhoso, que ficará para a história.

Chegaram e, arduamente, subimos a rua. O Berlin ainda estava fechado quando lá chegámos, por isso comprámos os nossos bilhetes e fomos em busca de caipirinhas. Os bilhetes custavam o dobro do normal, o que me apanhou desprevenida e me impediria de beber mais. Essa noite era especial, dado que nessa manhã tinha tido exame de Clínica de Espécies Pecuárias e até tinha corrido bem. Seria mais especial se tivesse corrido mal. Entrámos num primeiro bar, onde a caipirinha era cinco euros. Depois eu identifiquei o bar seguinte, que tinha uma Happy Hour decorrendo em que as caipirinhas eram a três euros e meio. Entrámos, mas eu pedi uma cerveja. Capirinha seria demais. Já agora, devo referir que o Word não reconhece caipirinha como palavra, mas reconhece a palavra “Word”. Não interessa. Um estrangeiro sentou-se ao meu lado e pediu um vodka com uma gota de cola. Ao ver-me tirar um cigarro do maço, pediu-me um. Disse que o dia lhe tinha corrido mal, em Inglês. Eu disse-lhe para não pensar. Em inglês. Depois fomos embora e eu disse-lhe que estaríamos num concerto na porta ao lado, porque ele parecia estar mesmo infeliz e eu achei que isso o poderia motivar.

Esperámos na fila, recordando Santarnárnia.

Entrámos, dançámos um pouco os 80s e fomos pedir uma cerveja. Ali a cerveja oferecia um shot, e pedimos tequila. Aliás, o Chico Norris pediu, porque eu sou por princípio contra a tequila. Ela mata pessoas, e eu não acho isso boa onda.  Voltámos a dançar, enquanto eu perguntava se nunca mais começava. Entretanto Cristina foi comprar uma caixa de Pringles com o Chico Norris e na volta disse-me para ir ter com ele. Na sua frente estavam dois shots. E um era para mim.

Continuámos a dançar e entretanto, depois das minhas graves insistências (estava desejosa de experimentar a minha obra de arte), Chico Norris sugeriu que fôssemos para rua. O concerto só começaria dali a 20 minutos, segundo o porteiro. Fomos, encontrámos uma espécie de degrau e arrebentámos com o animal. O animal não agradou a Chico Norris. De facto, o animal colocou o Chico Norris em pânico. Ele já tinha dito que estava a tentar cortar nos animais, pois a sua memória estava a ser afectada e consequentemente a sua performance no Poker estava a ficar menos do que excelente. E aquilo era o animal legal. Toda a gente tem medo do animal legal depois de o experimentar. Menos eu que, não tendo ninguém com quem partilhar a criatura, me aproveitei dela toda sozinha.

E esse foi o erro.

Levantar foi difícil. Lá dentro… Recordo de estar como um autista, com o ruído e tudo o resto, a encolher-me enquanto pediam bebidas. O concerto deve ter começado entretanto, mas eu não me aguentava. Sentei-me na rua e lá fiquei. Depois transportaram-me para dentro, mas eu não conseguia lá estar. As pessoas do Berlin começaram a ficar assustadas e sugeriram que eu fosse para a rua. Ao seguir a Cristina, caí (terá sido um desmaio? Espero que tenha sido um desmaio, porque fica muito mais bonito do que cair) e sentei-me na entrada do espaço, aterrorizando as pessoas com a minha pele branca como o açúcar e a minha cabeça encostada nos braços que estavam encostados nos joelhos. Levaram-me em braços, umas pessoas do bar, para a rua. Deram-me uma garrafa de água. Fiquei lá um bocado, e chegou a Libelinha. Ou talvez ela tenha chegado antes. Levaram-me para dentro outra vez e sentaram-me num sofá. Eu não me conseguia mexer muito, mas estava a gostar do concerto. Como não conseguia abrir os olhos para ver, imaginei que a voz principal era o がくe que os coros eram o KAITO e isso tinha piada, porque as letras continuavam a ser as dos Ena Pá 2000.

Depois o Chico Norris viu o Jel todo arruinado com coca em cima e decidiram que não era para ficar a aturar aquilo. Por isso eu caminhei usando dos meus melhores esforços para as fronteiras do Bairro Alto, onde me chamaram um táxi. Eu fui e cheguei a casa e dormi como um anjo. Afinal o problema era sono.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.