quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Despedida da Rau

No dia vinte e nove de Outubro de dois mil e onze, pelas dez horas, realizou-se em Bairro Alto uma reunião presidida por Rau e com a presença de Chico Norris, Libelinha, Cristina, Andrea, Wolverine e outros e com a seguinte ordem de trabalhos.

Shots com mel, morangoska, despedida e uma acta.

Antes de mais devemos esclarecer que o desejo da Rau para esta sua festa de despedida era que fosse uma festa de Halloween antecipado. Ora, eu desprezo essa celebração falsa e falaciosa daquele que é o feriado mais importante daquela que é, ou era (já não sei) a minha religião. Assim sendo, para não desfazer das boas intenções da pobre da Rau, decidi ir vestida normalmente mas de uma forma que todos pensassem que eu estava mascarada. Isso pode ser obtido através de um vestido tradicional da Baviera e um saiote. E tranças. E a minha mala de raposa e a minha mala de coelho, fazendo par uma com a outra. Assim, nesta figura, me sentei à espera de todos no Camões. Sentei-me ao lado de um trisal (casal de três pessoas) de Brasileiros. Quando as raparigas foram no banheiro, o jovem olhou para mim. Eu antes tinha tido o cuidado de ir comprar um a litrosa que me fizesse companhia, até porque estava bastante doente e precisava de álcool para fazer com que a tosse parasse, coisa que o jovem Brasileiro terá considerado bastante interessante pois, assim que meti o gargalo à boca, riu-se e falou comigo. Mas depois elas voltaram e não mais falou comigo. Pensei em falar com as outras pessoas à minha volta, por exemplo dizer àqueles infelizes estrangeiros que a promoção de bar que eles receberam era uma mentira, que ficava mais barato comprarem cervejas de litro, mas acabei por não dizer.

E de repente chegou a Rau e a sua comitiva. Ela vinha vestida de veterinária assassina, com bata suja de sangue, cutelo de plástico, cãozinho de plástico com uma corda a fazer de trela e estetoscópio. Os seus amigos tentaram ouvir-se com o estetoscópio mas, ao contrário de mim, eles não ouviram vozes quando encostaram o estetoscópio à cabeça. Entretanto chegaram a Libelinha e a Cristina, que me fizeram companhia na minha doença. Falámos sobre como eu sou uma pessoa deprimente e como pessoas à minha volta tentam sem eficácia que eu seja menos deprimente.

Entretanto subimos a rua até um bar onde, aparentemente, serviam shots com mel. Eu também pedi um e fui à rua tentar fazer um brinde em homenagem da nossa Rau. Eu pensava que ela ia para a Alemanha, mas afinal vai só para Lagos. Ninguém me ligou nenhuma. Bebi o shot e fiquei com as mãos pegajosas de mel. Depois voltei para o bar onde combinei com a Libelinha e com a Cristina que todas nós iríamos arranjar namorados para fazermos 6 pessoas para irem para Nárnia no fim de ano meter letras do alfabeto no bucho.

Eu passei a anatomia, todas as coisas impossíveis podem acontecer.

Entretanto chegaram o Fabiano e o Gaminho, e mais tarde o Chico Norris. Subimos mais e fomos ter ao Rua. No bar em frente do Rua tentei descobrir a casa de banho, mas não existia por isso fui a outro. Lá uma Americana elogiou a minha roupa e a minha mala. No entre tempo, Libelinha tinha na sua posse uma Morangoska para mim, que eu lhe tinha pedido que obtivesse para minha satisfação. Olhei em minha volta e estava lá a Andrea e o Wolverine, e o Madonna mais aparte. A Andrea trazia uma coisa que lançava confettis. Lançou-os assim que viu a Rau, mas não funcionou à primeira.

Depois fomos para o miradouro, mas eu já estava a dar de mim, porque tinha estado a trabalhar o dia todo com a veterinária que tem dupla personalidade e porque estava doente. Ainda pensei, “devo vir para aqui, pode ser que o jovem que conheci e que nunca mais vou voltar a ver esteja aqui”. Mas não estava, por isso acabei por ir-me embora enquanto todos estavam a descer. Chico Norris apanhou um táxi para mim. Tinha a esperança de ficar doente logo a seguir para poder faltar ao trabalho, mas a verdade é que acabei por melhorar progressivamente e não faltei.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.