quarta-feira, 6 de julho de 2011

Concerto dos Ena Pá 2000


No dia um de Julho de dois mil e onze, pelas dez horas, realizou-se em Bairro Alto uma reunião presidida por Ena Pá 2000 e com a presença de Chico Norris, Cristina e Libelinha e com a seguinte ordem de trabalhos.

Um concerto, uma morte e uma acta.

A propósito do concerto dos Ena Pá 2000 no Berlin Bairro Alto, Chico Norris juntou-se a Cristina para fazer a travessia do Tejo. Cheguei adiantada ao ponto de recepção, que era o Camões, mas Chico Norris indicou que, por motivo Cristina, o barco tinha sido perdido. Por isso avancei calmamente até ao Cais do Sodré onde, para fazer horas, decidi enrolar uma mortalha com um conteúdo odoroso e perfeitamente legal. Deu um resultado lindo e maravilhoso, que ficará para a história.

Chegaram e, arduamente, subimos a rua. O Berlin ainda estava fechado quando lá chegámos, por isso comprámos os nossos bilhetes e fomos em busca de caipirinhas. Os bilhetes custavam o dobro do normal, o que me apanhou desprevenida e me impediria de beber mais. Essa noite era especial, dado que nessa manhã tinha tido exame de Clínica de Espécies Pecuárias e até tinha corrido bem. Seria mais especial se tivesse corrido mal. Entrámos num primeiro bar, onde a caipirinha era cinco euros. Depois eu identifiquei o bar seguinte, que tinha uma Happy Hour decorrendo em que as caipirinhas eram a três euros e meio. Entrámos, mas eu pedi uma cerveja. Capirinha seria demais. Já agora, devo referir que o Word não reconhece caipirinha como palavra, mas reconhece a palavra “Word”. Não interessa. Um estrangeiro sentou-se ao meu lado e pediu um vodka com uma gota de cola. Ao ver-me tirar um cigarro do maço, pediu-me um. Disse que o dia lhe tinha corrido mal, em Inglês. Eu disse-lhe para não pensar. Em inglês. Depois fomos embora e eu disse-lhe que estaríamos num concerto na porta ao lado, porque ele parecia estar mesmo infeliz e eu achei que isso o poderia motivar.

Esperámos na fila, recordando Santarnárnia.

Entrámos, dançámos um pouco os 80s e fomos pedir uma cerveja. Ali a cerveja oferecia um shot, e pedimos tequila. Aliás, o Chico Norris pediu, porque eu sou por princípio contra a tequila. Ela mata pessoas, e eu não acho isso boa onda.  Voltámos a dançar, enquanto eu perguntava se nunca mais começava. Entretanto Cristina foi comprar uma caixa de Pringles com o Chico Norris e na volta disse-me para ir ter com ele. Na sua frente estavam dois shots. E um era para mim.

Continuámos a dançar e entretanto, depois das minhas graves insistências (estava desejosa de experimentar a minha obra de arte), Chico Norris sugeriu que fôssemos para rua. O concerto só começaria dali a 20 minutos, segundo o porteiro. Fomos, encontrámos uma espécie de degrau e arrebentámos com o animal. O animal não agradou a Chico Norris. De facto, o animal colocou o Chico Norris em pânico. Ele já tinha dito que estava a tentar cortar nos animais, pois a sua memória estava a ser afectada e consequentemente a sua performance no Poker estava a ficar menos do que excelente. E aquilo era o animal legal. Toda a gente tem medo do animal legal depois de o experimentar. Menos eu que, não tendo ninguém com quem partilhar a criatura, me aproveitei dela toda sozinha.

E esse foi o erro.

Levantar foi difícil. Lá dentro… Recordo de estar como um autista, com o ruído e tudo o resto, a encolher-me enquanto pediam bebidas. O concerto deve ter começado entretanto, mas eu não me aguentava. Sentei-me na rua e lá fiquei. Depois transportaram-me para dentro, mas eu não conseguia lá estar. As pessoas do Berlin começaram a ficar assustadas e sugeriram que eu fosse para a rua. Ao seguir a Cristina, caí (terá sido um desmaio? Espero que tenha sido um desmaio, porque fica muito mais bonito do que cair) e sentei-me na entrada do espaço, aterrorizando as pessoas com a minha pele branca como o açúcar e a minha cabeça encostada nos braços que estavam encostados nos joelhos. Levaram-me em braços, umas pessoas do bar, para a rua. Deram-me uma garrafa de água. Fiquei lá um bocado, e chegou a Libelinha. Ou talvez ela tenha chegado antes. Levaram-me para dentro outra vez e sentaram-me num sofá. Eu não me conseguia mexer muito, mas estava a gostar do concerto. Como não conseguia abrir os olhos para ver, imaginei que a voz principal era o がくe que os coros eram o KAITO e isso tinha piada, porque as letras continuavam a ser as dos Ena Pá 2000.

Depois o Chico Norris viu o Jel todo arruinado com coca em cima e decidiram que não era para ficar a aturar aquilo. Por isso eu caminhei usando dos meus melhores esforços para as fronteiras do Bairro Alto, onde me chamaram um táxi. Eu fui e cheguei a casa e dormi como um anjo. Afinal o problema era sono.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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