quinta-feira, 14 de abril de 2011

Festa no Inferno


                No dia nove de Abril de dois mil e onze, pelas oito horas, realizou-se em Redentora uma reunião presidida por Johnny e com a gente conehcida e gente desconhecida e com a seguinte ordem de trabalhos.

                No início, havia o Inferno. O Inferno pareceu-nos, desde esse momento, um local bastante interessante. Na realidade havíamos visto tal festa no Inferno que desejámos imediatamente lá ir. Pensámos "vamos comprar bilhetes para o Inferno no quiosque dos Restauradores, porque eles têm bilhetes para tudo!" Iríamos lá pedir um bilhete para o Jigaku, ou para Shin Makoku, pois assim eles iriam realmente à procura. Depois, quando saíssem da nossa vista, todos os trauseuntes da praça desapareceriam e iriam sendo substituídos por monstros típicos de encontrar no Inferno. E aí aconteceria a festa como relatado no seguinte clip:


                Para voltar poderíamos, evidentemente, apanhar o barco.

                Por isso segui para Almada, onde iríamos jantar naquele fatídico local: a Redentora. Devo referir que tinha convidado o jovem Apokas, que havia manifestado desejos de sair com pessoas crescidas já há algum tempo. Pelas cinco da tarde, revelou que não sabia como voltar à sua habitação, em Massamá, a partir de Almada, quer fosse no barco das duas ou no barco das cinco. Procurei pelos seus comboios, para ser simpática, mas nenhum lhe agradou e disse que ia pensar. Assim, informei Chico Norris que não iria dar boleia a duas pessoas, mas a uma. Que era eu. Comprei um Don Simon, apesar de estar ligeiramente atrasada, no Pingo Doce do Sodré.

                Na Redentora descobrímos que  jantar mais ou menos privado que tinhamos imaginado afinal era uma reunião, uma fusão, entre dois grupos distintos que, através de uma série de perigosos saltos mortais, Johnny havia - acidentalmente - reunido. Isto incomodou Andrè grandemente, pelo que depois do jantar - onde lhe falei da fantástica viagem mental que é Kuchuu Buranko - pagámos a nossa parte (a minha referia-se a um prego vegetariano, que trazia arroz e ovo que não comi e cogumelos que não comi e batatas que nem pedi e uma salada salgada e metade de um queijo que não devia ter comido devido à minha rigorosa e pavorosa nova dieta que me promete fazer perder de três a cinco quilos e voltar a ficar magra e bonita) e fomos beber para a rua, onde havia um enorme cinzeiro com base para copos.

                Falei a Johnny da letra Kapa, tentando esclarecer mitos acerca desta letra grega, tão simples mas tão desconhecida. Não consegui dado que, evidentemente, nunca ninguém acredita nos seus amigos imaginários. Conversámos com algumas pessoas-quaisquer que lá estavam e depois aconteceu o DRAMA. Havia garrafas que não tinham sido pagas. Eu e Andrè tinhamos pago uma a meias. Estávamos de consciência limpa, mas ainda assim havia sete garrafas que não tinham sido pagas e, como de costume, a responsabilidade caiu sobre Johnny. Eu tentei contribuir mais, mas não tinha mais moedas.

                E entretanto resolveu-se a situação e fomos para Almada Velha, a tal. Andrea tinha aparecido e queria por todos os meios ir para o Bairro Alto, mas a minha anterior experiência de Bairro-Alto-no-Verão tinha sido pavorosa (vide Jantar da Primária) e todo o Universo me dizia que não era esse o caminho certo a seguir. Fomos para as Piscinas, onde bebemos o Don Simon. As Pessoas que não conhecíamos ou que conhecíamos mal mantiveram-se connosco, apesar de serem ruidosas. Descobrimos que a casa de banho do Santuário do Rock agora tem uma chave que se deve pedir ao balcão. Devem ter-se lembrado daquela situação em que a Mauritânia teve um ataque de qualquer coisa lá dentro e ficou lá durante algumas horas a tentar vomitar ou a gritar ou as duas coisas ao mesmo tempo.

                Andrea apareceu com uma gelada garrafa de traçado que ela como rainha do gelo tinha gelado. Wolverine também apareceu por esta altura. E depois encontrei a Ivone e fomos comprar tabaco e moscatel a um sítio que desconhecia, chamado Curica, que é o nome da cadela da Enfermeira Joana lá do hospital. Entre o aparecimento da Andrea e da Ivone devem ter acontecido mais coisas. Lembro-me de uma, logo quando chegámos, mas apenas desta. Estávamos, eu e Andrè, no carro do Chico Norris e descorimos a Antena 2. Estava a dar tal música poderosa que Andrè subiu o volume. Eu tive de fugir. Sei também que Johnny e DJ tinham desaparecido, mas depois voltaram a aparecer, misteriosamente. A Cristina estava com o seu irmão, e questionei-me porque é que eu e a minha irmã não podemos ter uma relação saudável. Gostaria de a poder trazer para o Luna Fish Club, mas ela é uma chunguette e só quer ir a sítios chamados Loft e chamados Vacas Loucas. Não gosta de peixes. Entretanto falámos, nem sei porquê nem a que propósito, à Ivone da letra Kapa. A Ivone entrou em pânico, e praticamente que se ofereceu para ser a nossa nova tripsitter, dado que o Chico Norris é tão tripsitter como nós. Depois Johnny falou-me de coisas que ou eram importantes ou não eram e eu disse-lhe coisas que eram importantes não o sendo ao mesmo tempo. Quis ir ver o túnel que tinha um estendal, mas ninguém quis vir comigo.

                Algures por esta altura, a Cristina e eu e o Andrè e mais alguém que eu não sei quem era, fomos para uma zona habitacional, onde nos sentámos a ouvir ladrar os cães. Estávamos muito bem sentados quando nos convidaram a ir para uma casa. Eu não queria ir, mas obrigaram-me. Tinha um grande jardim e escadas e uma varanda, era uma casa bem gira, mas eu não me sentia segura dentro dela e quis ir-me embora. Se calhar até chorei até me deixarem ir embora, mas o Andrè lá percebeu que eu não conseguia lá estar. No entanto... No entanto, de alguma forma, entendemos que a Cristina estava bem e que iria ter connosco depois e deixámo-la lá ficar. Não o devíamos ter feito, e peço desculpa à Cristina por o ter feito. Eu às vezes sou uma pessoa muito egoísta. Não é de propósito, por isso quando eu estiver a ser assim peço que me avisem. Tento ao máximo não pensar em mim, mas quando não me imaginam eu tenho de me imaginar a mim própria. Isto é claramente um erro de concepção que deve ser corrigido.

                Ficámos mais nas piscinas, creio, e depois fomos a um miradouro, dizem, mas eu não me lembro. Depois enfiámo-nos nos carros e seguimos para alguma parte. Assim que chegámos entendi que já lá tinha estado, uma vez, com a  Libelinha e com o Johnny e com a Andrea. Lembro-me da Libelinha a dançar e a a fazer anjos no chão de cimento, quando ela ainda fazia anjos. Estávamos em frente de um arco que dizia, em azulejos, Bairro Social. Era escuro. E como era escuro, achei-lhe graça e decidi ir explorá-lo. Lá fui, mais ou menos á espera que fossem atrás de mim. Ouvia as vozes deles lá longe, a discutir quem é que se ia levantar para me vir buscar, dado que eu estava a andar descontroladamente para ver uma certa folha de uma certa árvore que era extraordinariamente interessante. Quando comecei a voltar para trás, já Johnny e  Andrè vinham a caminho. Decidimos continuar a percorrer aquele lindo jardim, uma estrada rodeada por árvores, ladeada por misteriosas casas com misteriosas florestas de árvores da borracha por todos os lados. Andámos muito. Mas era bonito. E eu sentia-me bem. Estava bem vestida, com a minha farda escolar de rendilhado falso da Putumayo, a marca de roupa que tem uma raparida pirata com uma pala no olho, a fazer malabarismo com facas em cima de uma bomba. Sinto-me sempre bem quando estou bem vestida, devia andar bem vestida mais vezes. Ou demos a volta ou voltámos para trás, não sei. Depois esperámos que fosse a minha hora.

                Quando a minha hora chegou, fomos para baixo. Apanhei o barco e pensei em absolutamente nada. Apanhei um taxi e só pensei que o taxista estava a ir por áreas muito estranhas e desconhecidas da cidade. Paguei mais do que o habitual...

                No dia seguinte de manhã, ainda sentia os efeitos do carbono complexo no meu corpo. E compreendi, finalmente, que tinhamos estado no Inferno. Se voltámos ou não, saberemos esta semana.

                E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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