terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tia Bé

No dia quinze ou catorze ou dezasseis de Janeiro de dois mil e onze, pelas oito horas e meia hora, realizou-se na Cova da Piedade  uma reunião presidida por aniversariantes e com a presença de mais ou menos quarenta convidados  e com a seguinte ordem de trabalhos.

Um jantar com ida ao Bairro Alto e uma acta.

Antes de tudo, pedi que McSousa me desse boleia para o jantar. Ela não o desejava fazer, pois tinha ensejos de ficar toda maluca, como dizem, mas de certa forma foi convencida pela necessidade dos factos. Johnny até se ofereceu para nos ir buscar, mas de qualquer forma já estávamos no Fórum Almada para comprar a sua prenda, por isso não valia a pena. Claro que como era surpresa não lhe pudemos dizer isto e ele permaneceu convencido de que estávamos na Costa da Caparica. Fomos à Ale-Hop onde após demorada pesquisa nos decidimos por um belíssimo jogo de shots, que consiste num jogo de dardos em que se acerta na bebida destinada. No entanto o jogo parece-me um pouco contraproducente, dado que à medida que se bebe mais menos se acerta no alvo. Supomos que o jogo esteja concebido para seres masculinos que, quando bebem, ficam mais equilibrados e mais concentrados em coisas que exigem pontaria e atirar objectos uns aos outros. Nós, fêmeas, ficamos desequilibradas e com vontade de urinar, pelo que deviam inventar um jogo que envolvesse a quantidade de vezes que se urina. Depois McSousa pediu-me que comprasse tabaco por ela, que tinha vergonha, e debatemos passar na Decathlon em busca de maillots de ballet para pessoas crescidas. Também me revelou nesse momento que possivelmente iria ser a nova estrela vocal do anúncio do Pingo Doce. Depois fomos para um sítio escuro de carro e maquilhámo-nos. De seguida procurámos o local de encontro, não sem dificuldade. O local é a chamada Tia Bé, onde há uma tia chamada Bé que nos alimenta. Aquilo é numa espécie de complexo desportivo, por isso é enorme e tem meninos vestidos de futebolista a entrar e a sair e a fazer coisas de futebolista vestidos de futebolista.

Eu pus duas cores de sombra ao mesmo tempo. Isto é relevante porque combinava com o meu gorro em forma de urso arco-íris.



À entrada fiquei a saber que gorros em forma de urso são usados por chungas. Questiono-me qual a credibilidade de um chunga que nos assalta com um urso na cabeça. O mais provável no meu caso seria, em vez de lhe dar o telemóvel, dar-lhe um abraço. Ricky revelou o que já me tinha revelado por mensagem, que tinha deixado de fumar. Mas que ia fazer um parêntesis. Esse parêntesis prolongou-se pela noite inteira, por isso seria mais conveniente chamá-lo de chaveta. Entretanto Johnny tinha uma verdadeira lista de convidados, com os nomes do Facebook num ficheiro de Excel. Seríamos uns quarenta e tal.

Entrámos, pedimos a comida (por acaso um método bastante inteligente de ementa: tinham a ementa com espaços em frente, onde se marcavam tracinhos por forma a identificar quantitativamente que pratos foram escolhidos) e esperámos pela bebida. Eu tinha SEDE. Bebemos, comi um bife à café, e depois senti-me impactada por isso fui com Ricky comprar tabaco. Veio-me à realização que afinal o café Central onde se compra tabaco a caminho de Almada Velha afinal é pertíssimo da dita cuja Tia Bé e que, consequentemente, não precisava de ter pedido boleia. Na volta bebemos moscatel e café e senti-me melhor da minha impactação.

Depois foi o primeiro caos. McSousa NÃO QUERIA – exactamente assim em letras maiúsculas – ir para os barcos noutro carro que não o dela, pelo que a tivemos de empurrar e puxar até ao carro do Chico Norris. Corremos para os barcos, desta vez carregados com quatro garrafinhas do nosso Santo Padroeiro, o Don Simon, que haviam sido oferta do aniversariante para todos nós seus convidados. Chegando à estação encontro uma amiga de uma colega da minha aula de Japonês, teoricamente também minha colega mas nunca a vi numa aula, e berrei-lhe que devia vir connosco, IKOU IKOU IKEMASHOU!!!!. Mas ela não veio.

No barco, McSousa chorou dizendo que não queria ser veterinária. Consolei-a. Eu também não, não te preocupes. Depois cantou a Pocahontas com Ricky, e eu cantei também porque não tinha muito mais para fazer.

Depois foi o segundo caos. Decidimos subir para o Largo do Camões, onde está o senhor zarolho, por trás e não pela frente, isto é, pela parte onde há putas em vez de ser pela parte onde não há putas. Ainda por cima DJ ficou retido a falar com pessoas. Isto aliado a McSousa não querer andar tornou-se uma tarefa hercúlea. O ponto positivo desta subida foi que nos pudemos abraçar a um Volkswagen, um carocha (ou joaninha, ou outro insecto).

Chegados ao zarolho encontrámos as pessoas, e conhecemos novas pessoas. Alguém me pediu tabaco. Alguém desconhecido me pediu tabaco. Alguém me pediu lume.

Subimos mais e o resto encontra-se algo difuso na minha mente.

Sei que:

·         McSousa foi com Rapariga-que-conheceramos-naquele-momento dançar.
·         Mcsousa decidiu morrer, mas morreu longe de nós. Com a preocupação Chico Norris só me informava sobre qual deveria ser o meu curso de acção, mas decidi não accionar nenhuma acção. Não só porque não estava bem capaz de me levantar como sabia que McSousa não se iria levantar também e só a poderíamos demover quando fosse mesmo preciso.
·         Chico Norris telefona a Andrea para que ela dê os parabéns aos Gémeos e a Johnny.
·         Ricky tenta que Andrea lhe dê o indicativo de Inglaterra para lhe ligar. Ela liga de volta.
·         McSousa fala com Andrea e arrebita.
·         Johnny fala-me dos planos para a Festa de Celebração de Fim de Exames que farei em Santarém.
·         Johnny fala-me de ketamina, é uma verdadeira droga, o resto são só brincadeiras de meninos.
·         Eu cá sei que a ketamina é uma prostituta, porque vai com todo o mundo, isto é, pode ser associada a qualquer outro anestésico. Também vejo frequentemente gatos sob ketamina e sei exactamente que aquilo é uma verdadeira droga. Dá para ver a moca dos gatos, de fora. É uma coisa tão forte que emana. Eu também sei porque é que é possível operá-los sob ketamina: eles sentem a dor toda, simplesmente não querem saber.
·         Concordamos que a nossa imaginação tem potencial, porque podemos partilhar o que estamos a ver e ver coisas em conjugação.

Após isto sei que foram feitas mais coisas, mas não me lembro. Só consigo recordar que o café do bife à café me estava a dar a volta às vísceras abdominais e que, consequentemente, estava quase a telefonar ao meu amigo Gregório. Apesar de tudo, tinha um Don Simon na mão e por nada o podia largar. Descemos para o MusicBox, onde estava a ocorrer uma festa Mod à qual o Peru queria comparecer. Devo fazer uma nota sobre as amigas do Peru, que eu entretanto já conheci três vezes mas que, por certa razão, nunca reconheço e volto sempre a apresentar-me. Já lhes pedi desculpa, e espero que elas compreendam que a minha capacidade de memorizar coisas é limitada.

Chegada lá abaixo decido que não quero entrar, que quero apanhar ar. Ricky vem comigo e vamos ver as oliveiras. Sentamo-nos nas oliveiras e ficamos ali um bocado. Depois vamos, contra a minha vontade, ver o rio. Contra a minha vontade, sentamo-nos a ver o rio. Ricky decide deitar-se em frente do rio, também contra a minha vontade mas já não tenho nada a ver com isso. Após gritar muito que ele ia cair ao rio e morrer e imaginar exactamente essa situação na minha mente, lá o consegui demover e mobilizá-lo de volta ao MusicBox. Agora já estava óptima, mas ele não estava e nenhum de nós podia beber mais Don Simon, por isso abandonámo-lo à porta do local. Também à porta do local Ricky tomou a decisão de amochar e, progressivamente, falecer. Magicamente, Chico Manel apareceu e fizemos turnos para tomar conta de Ricky. Acabámos por conseguir trazer Chico Norris cá para fora, mas voltou para dentro logo a seguir. Decidimos ir todos lá para dentro um bocadinho apenas, e pedimos ao segurança para deitar um olhinho ao Ricky de vez em quando para ter a certeza que os aliens não o raptavam ou assim.

Toda a gente dançou com o Chico Manel, entretanto Johnny desaparecera para sempre do meu campo de visão e foi só isso.

Quando fomos para a rua, Ricky já não estava lá. Perguntámos ao segurança o que se passou e ele disse que o tinham levado. Eu morri um pouco nessa altura, mas depois ele corrigiu-se e disse que se tinha levantado e ido embora. Muito bem, fora apanhar o barco. Ou se calhar não. De qualquer forma McSousa depois informou que ele estava no barco, por isso estava tudo bem.

Chico Manel ofereceu-se para me dar boleia, por isso fomos para o carro dele e enrolámos um delicado charuto para nosso gáudio. Depois ele fez-me psicanálise em que me ouviu a falar de morder membros da família. Espero não o ter perturbado grandemente. Entretanto uns moços simpáticos disseram-nos que estava a ocorrer uma operação stop, por isso demos grande volta para ir para casa.

Chegada a casa dormi, mas depois acordei e fui directamente para um evento de anime.

Nesse evento de anime, o Digimon Lx, onde estava completamente só. Assim, decidi cumprimentar as pessoas que conhecia, fumar uma ganza num sítio escondido com umas belíssimas cadeiras para eu me sentar, e depois conhecer novas pessoas. Conheci toda a gente que estava no evento, nomeadamente uma miúda que queria meter um ácido para tocar nos cosplayers, e abracei a Leo, a Manon e o Apokas. Depois voltei para casa e senti-me a pessoas mais linda do mundo. Também tive uma ideia para uma história.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.



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