quinta-feira, 19 de maio de 2011

Aniversário do Chico Norris

    No dia treze de Maio de dois mil e onze, pelas oito horas e meia, realizou-se em Feijó uma reunião presidida por Chico Norris e com a presença de pessoal diverso e com a seguinte ordem de trabalhos.

    Bolos, unicórnios, jantar de anos, aparição da Nossa Senhora de Fátima, ida ao Bairro Alto e FPS de Zombies.

    No dia aterior ao ocorrido, eu tinha estado na internet, como habitual, e voltei a encontrar uma criatura maravilhosa, que me fascinara desde o primeiro momento em que a vi. Tratava-se de um bolo. Pensei "amanhã o Chico Norris faz anos, podia fazer-lhe este bolo!" Mas depois lembrei-me que a minha última tentativa culinária havia resultado em arroz verde - mas ainda assim excepcionalmente bom. Fui dizer a Andrè. Disse-lhe "ó tu que sabes cozinhar" e ele disse "só sei cozinhar comida". Mas decidimos tentar, pelo menos pelo prazer de poder colocar um bónus dentro do bolo.

    Vesti-me antes da aula de cirurgia, com a minha salopette - nome chique para fato macaco em miniatura - da Alice and the Pirates, e gloriosas tranças e gloriosa maquilhagem cuja intenção era a de ser uma boneca morta (se é que as bonecas podem morrer). Depois levei a forma de bolos da minha avó para casa do Andrè, comprámos uma litrosa pelo caminho, e começamos a pintar a massa que a mãe dele tinha deixado preparada. Antes acrescentámos o bónus de unicórnios, cortado como se fossem coentros e marinado em manteiga. Descobri o meu novo talento para pintar, sobretudo com a cor vermelha, se bem que o cor-de-laranja também ficou fascinante. Comemos a massa que ficou agarrada às taças e metemos o bolo no forno. Passado um bocado olhámos para ele, e ele estava-se a tripar. De repente, lembreime que tinhamos esquecido de untar a forma! Com caracter de urgência, telefonámos a mãe do Andrè, que nos disse para metermos o bolo dentro de algo com água e o deixar cozer em banho maria. E lá o deixámos. A tripar-se. A ter uma bad trip com o calor do forno. Picávamo-lo de vez em quando para ver se estava feito, mas nunca estava feito e quanto mais o picávamos mais ele parecia mirrar. Chegaram o DJ e o Esteves, e fomos ao Central comprar tabaco. E o bolo continuava em banho maria. Ainda falámos um bocado sobre uma nuvem e convidei Andrè para vir ao meu baile de finalistas (mas não vai, porque aquilo é bastante caro). Depois McSousa chegou e forçámos o bolo a ficar pronto, desenformando-o e cobrindo-o de purpurinas.

    Deixámos o bolo com o responsável do restaurante, a Tasca (ou Tasquinha?) do Ramos. Jantámos e eu quebrei a minha dieta, enfardando-me de todo o queijo que consegui obter. O empregado do restaurante ainda disse ao Andrè que ele estava todo queimado, e contemplámos dar-lhe do nosso bolo da felicidade. Íamos entrado e saindo do restaurante, a Libelinha roubou-me fumos e fumou-os, Andrè explicava a todos discretamente que não queria ir para o Bairro Alto. Eu só lhe dizia da sabedoria da minha 先生: não pensa. Ofereceram uma t-shirt ao Chico Norris, que dizia blablabla, mas ele não pareceu gostar muito, apesar de ter sido feita só a pensar nele. Cantámos os parabéns e depois nós anunciámos o fruto da nossa alquimia! As velas de fogo de artifício que eu tinha escolhido ficaram queimadas até ao tutano por isso o efeito não foi tão bonito, mas o bolo estava encantador. Chico Norris também não pareceu gostar muito da ideia, sobretudo quando Andrè anunciou que o bolo tinha particularidades. Mas comê-mo-lo e foi delicioso, um bocado doce segundo Johnny, devendo ser feito de chocolate segundo Fabiano, mas acima de tudo absolutamente feliz e contente e óptimo.

    Este era o nosso bolo. Era um arco-íris.



    E depois, apesar dos protestos de Andrè, fomos para  Bairro Alto. Agarrámos e soltámos a franga dentro do carro da Cristina. Íamos perdendo todos o barco, mas conseguimos.

    Lá em cima, Johnny falou-me sobre como está no Porto e de como é horrível estar lá sozinho e isolado do resto do universo, apesar de receber mais e de poder cumprir com obrigações éticas e morais. Andrea tirou uma foto assustadora com um monhé, parecia photoshop de um filme de Bollywood. Eu falei a Johnny de Dominação do Mundo V 2.0.

    E, tão rápido como chegamos, preparámo-nos para ir embora. Eu fiquei infinitamente triste, porque isso significava que tinha de levar a minha bebedeira para casa, e insisti muito que ficassem. Quase chorei, mas consegui não chorar e ficar ainda mais assustadora. Libelinha sugeriu ficar para trás comigo, mas eu não a deixei, porque só nós as duas não teríamos destino, e acabaríamos por ir para casa à mesma ou a ficar a olhar uma para a outra dentro de um pub de aspecto duvidoso. Fui descendo, ainda encontrei a Ivone na descida e contemplei ficar com ela por alguns segundos, e enquanto ia descendo Andrè dizia-me que iam continuar a festa do outro lado. Depois Chico Norris prometeu que me deixava nos barcos. E eu pensei para mim própria....

    Que sa foda.

    E quando dei por mim estava aos pulinhos a entrar dentro do barco para o outro lado, abraçando toda a gente de novo como se fosse a primeira vez que os visse nessa noite. Eles olharam para mim como se fosse a primeira vez que me vissem também.

    Após votação renhida entre ir para a praia - que eu não podia porque a minha linda salopette tem pêlo a toda a volta e ficaria toda cheia de areia - e ir para a Casa do Lord e ir para um outro sítio que eu não percebi, fomos comprar litrosas a bombas de gasolina. E fomos para a Casa do Lord, que - diziam - é uma casa abandonada na Charneca ou local semelhante.

    Quando disseram "casa abandonada", eu imaginei uma casa de madeira tipo filme Americano, cheia de móveis cheios de pó e de coisas giras para descobrir. Mas comecei a duvidar de mim própria assim que chegámos. Atravessámos um campo de ervas daninhas e de lama, que me picou as pernas e os braços, onde eu não conseguia ver nada. Estava de saltos altos, o que tornou tudo muito mais difícil, apesar de serem muito confortáveis. Depois descobrimos a casa, que era uma coisa térrea, enorme, como a minha casa de Nárnia mas muito maior. Não se via nada lá dentro e sentia-me a psiar vidros e outras coisas à medida que avançava. Não havia portas, pelo menos no lugar onde as portas devem estar. Procuraram velas e encontraram três, que acenderam. Chico Norris queria fazer uma macumba, mas eu estava cheia de medo e não deixei. Andrea também estava cheia de medo, mas passou-lhe. Havia pinturas nas paredes e um colchao, claramente infectado com SIDA, sifílis e hepatite. Ainda assim houve quem se sentasse no colchão. Zé Gato apareceu com um pneu de um tractor, que nos serviu de banco, e eu lá me sentei, agarrada ao Andrè, à espera que os zombies do First Person Shooter nos viessem matar. De vez em quando ouvia-mos gritos, e eu convenci-me que eram mesmo os zombies. Começámos a chamar pela Cristina, mas como ela não aparecia soubémos, nesse instante, que ela tinha sido morta pelos zombies. Fomos para a rua e encontrámos a Cristina. Afinal não tinha sido morta. Eu ouvia barulhos e ruídos diversos escondidos na noite, que podiam ser zombies, ou pior, zombies com SIDA ou sífilis ou hepatite. Ela tinha estado na capela, e Andrè foi vê-la. Eu tive medo. Johnny tinha dito para contarmos histórias de terror, eu gritara que não mas desde aí só me lembrava de uma história de terror que Andrea nos tinha contado quando fomos a Paredes de Coura.

    Depois desistimos, estávamos cansados, sujos e poderíamos ser mortos por zombies a qualquer momento, e fomos embora. A volta também foi difícil, pelo menos tão difícil como a ida, eu nem sequer sabia como atravessar certos sítios.

    E voltei para casa, observando os meus sapatos FLY cheios de lama.

    A história que a Andrea me tinha contado era assim:

    Uma mulher estava na floresta, com o seu cão. Um lindo labrador amarelo, que cheirava tudo e abanava a cauda de felicidade. Chegou a noite e ela encontrou uma cabana na floresta para descansar. Deitou-se e fechou a porta. Com o seu lindo cão deitado ao seu lado, olharam um para outro e adormeceram.
    De repente, ouviu um ruído!
    "Ping... Ping... Ping...."
    Ela assustou-se, mas sentiu o seu fiel cão a lamber-lhe as mãos e, reconfortada, voltou a adormecer.
    Mas passado algum tempo, ouviu outra vez:
    "Ping... Ping... Ping..."
    Sobressaltada, ia levantar-se, mas sentiu o seu adorado cão a lamber-lhe as mãos e voltou a adormecer.
    No entanto, voltou a ouvir:
    "Ping... Ping... Ping..."
    Desta vez, levantou-se, sentando-se na cama. Procurou uma vela e acendeu-a. E aí, viu.
    Pendurado no tecto estava o seu cão, morto, pingando sangue. E ao seu lado estava um papel escrito:
    "NÃO SÃO SÓ OS CÃES QUE LAMBEM"

    E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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