sexta-feira, 27 de maio de 2011

Roda de Choro


                No dia vinte e cinco de Maio de dois mil e onze, pelas nove horas e meia, realizou-se em Baixa uma reunião presidida por Andrea e com a presença de mim, Chico Norris, e DJ e com a seguinte ordem de trabalhos.

                Jantar nos Armazéns do Chiado, Roda de Choro de Lisboa e Loucos e Sonhadores do Bairro Alto e uma acta.

              Saí da minha aula de Japonês para ir ter com Andrea, com quem tinha combinado ir jantar aos Armazéns do Chiado. Como nesse mesmo dia já tinha quebrado a minha dieta pela primeira vez nessa semana, no Burger King do Colombo, delicioso, fomos investigar as saladas. A senhora da Loja das Sopas tinha atitude e o Capri era caro como tudo por isso fomos aos Vitaminas. Falava eu a Andrea do meu vestido para o Baile de Finalistas quando, por trás de nós, apareceram o R. e o Wolverine. Falámos sobre os amigos do Bongo da Andrea e de perspectivas de linhas perpendiculares e depois R. mostrou-nos o seu ipad, objecto cuja função ainda é um mistério para mim. Quase me convenceram a ir a Paredes de Coura, porque vai ser em Agosto e porque vão lá os Castelos de Cristal.

                Depois esperámos por Chico Norris e DJ, que viriam a caminho, e fiquei a saber que R. deixou de fumar e que ás vezes lhe faz falta para poder fazer intervalos para arejar as ideias enquato está a trabalhar. Dado que tanto ele como Wolverine tinham, efectivamente, de trabalhar no dia seguinte, foram-se embora. Esperámos mais e entretanto chegaram quem esperávamos.

                Fomos para a casa onde ocorria o concerto da Roda de Choro de Lisboa, que, fiquei a saber, era ao lado do Bora Bora - bar hoje em dia abandonado mas do qual a minha mãe me fala de vez em quando - e perto do Caldas, onde já foram tantas festas de anos. Lá chegados, pedimos bebidas e vimos que as pessoas dançavam. E que bem que dançavam. Havia um senhor em sapatos de dança que tinha uns movimentos de anca interessantes, e um rapaz para o qual as moças até faziam fila para dançar. Esse dançou várias vezes com uma moça que depois encontrámos na casa de banho, e que invejámos. Eu tive vergonha de ir dançar porque não sei dançar tão bem como aquela gente. Entretanto começou a ficar um calor demoníaco dentro da sala, cheia de gente a dançar ao som dos ritmos brasileiros da fofa banda que lá estava. Ficámos de pé no varandim do salão, a falar do Último a Sair e do facto de o Paulo Potas se vestir de mulher e se chamar Catherine Deneuve enquanto vai para o Parque Eduardo VII à procura de rapazinhos. Depois eu tive de me ir sentar lá dentro, porque não me aguentava com os pés. Uma indelicada criatura parou a ventoinha, que rodava de um lado para o outro, virado para ele. Estive para lhe dizer para não ser egoista, mas depois decidi não me aborrecer.

                Só quando saímos tivemos coragem de dar um passo de dança, e Chico Norris e Andrea ainda dançaram dois segundos, passando rapidamente dos ritmos mexicanos para a Carvalhesa.

                Íamos embora e reparámos nas casas em que gostaríamos de viver.

                Depois decidimos, um pouco contra minha vontade que tinha aulas às oito da manhã, continuar a noite no Loucos e Sonhadores. Ainda me questionei se não haveria um sítio mais cá em baixo, mas não havia. Lá, ouvimos a Gymnopedie de Satie e covers de Jazz de músicas interessantes. Andrea foi perguntar de quem eram as músicas, mas não souberam responder. Falámos sobre o que faríamos se ganhássemos o Euromilhões. Além de por o dinheiro a render na Suiça, conselho do Chico Norris, todos - menos DJ - tinhamos ideias sobre o que fazer com o dinheiro. Andrea poria a mochila às costas e iria ver o mundo todo. Eu dava um milhão ao meu pai para ele brincar e depois faria o meu café de cosplay. Não lhes disse, mas além disso arranjaria uma linda casa com um jardim cheio de coisas interessantes, muitos vestidos e um consultório veterinário de comportamento animal. Antes disso acabaria a minha educação e iria ao Japão. Chico Norris primeiro faria uma festa enorme e depois punha cada um de nós a trabalhar para ele. A mim dar-me-ia um café de cosplay para eu brincar. A Andrea seria a pessoa a escolher as obras de arte contemporânea para a sua colecção. DJ seria a pessoa encarregada de ir chatear as pessoas que o chateassem. Abriria um consultório para o Doutor Johnny e financiava o projecto de vida do Andrè. A Cristina seria a sua secretária.

                Depois fomos embora e à saída vimos que o cd que estava a tocar era do Richard Cheese. Também à saída vimos um recorte de jornal a dizer que o FMI ataca bifes do lombo. Descemos e fomos para o carro da Andrea, com cheiro a canela. Ao ir para minha casa os semáforos revoltaram-se e puseram-se todos vermelhos. Andrea lembrou-me o quão odeia Benfica. E depois dormi três horas e depois fui ter aula de cavalos.

                E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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