quarta-feira, 23 de março de 2011

Festa de Anos da Fifi



No dia dezoito de Março de dois mil e onze, pelas oito horas, realizou-se em Orange uma reunião presidida por Princesa Fifi e com a presença de mim, McSousa, o Guitarrista, Andrea, Hugolino, Ivone, Sunasa, amigos da Princesa Fifi e gente que se juntou e com a seguinte ordem de trabalhos.

Inicialmente encontrei-me com McSousa para irmos as duas para cima, do Chiado ao fatídico restaurante Orange e para lhe dar o meu texto do Sonho de Uma Noite de Verão. McSousa irá nos salvar a todos, pois aceitou substituir certa pessoa que apareceu em dois ensaios e nunca mais voltou, acatando assim o nada modesto papel de Titânia, Rainha das Fadas. Deixámos o texto no carro do Guitarrista, onde ainda houve uma troca de malas, de uma maior para uma menor, e uma pesquisa intensa por um pacote de lenços de papel que só seria encontrado – dentro da mala menor – muito mais tarde.

Assim que chegámos à porta do Orange, vimos passar uma pessoa gorda com uma caixa de bolo nas mãos. Pensámos como seria bom que a Princesa Fifi tivesse um bolo. Por isso, quando chegou o Hugolino, perguntámos-lhe se ela tinha bolo. Não tinha. E o que fizemos nós? Decidimos ir comprar um! Mas para a Princesa Fifi não poderia ser um qualquer bolo vulgar, não. Bolos de laranja, iogurte e chocolate, nada disso está certo. Para esta pessoa, o bolo apropriado é um cupcake. Por isso fomos a correr ao Tease, que ainda deveria estar aberto, e escolhemos um cupcake com uma amora no topo de geleia rosa que, por sua vez, estava no topo de frosting branco. A senhora da loja, ao perceber que se tratava de um bolo de anos, cedeu-nos uma vela e disse para darmos os parabéns. Quando voltámos, Princesa Fifi já lá estava. Tinham-lhe dito que tínhamos ido à casa de banho, desculpa bastante esfarrapada mas, dada a felicidade do ambiente, deve ter funcionado. A Princesa Fifi tinha um vestido mesmo giro, com gatinhos a brincar com bolas. Quero um igual, mas com cães ou passarinhos. Podem estar a brincar com as bolas à mesma.

Ivone, que estava à porta, entrou connosco. E com ela entrou um grupo de pessoas que não conhecíamos mas que eram amigos da Princesa Fifi. Com alguma dificuldade atribuímo-nos aos nossos lugares e começámos a enfardar pão com pasta de sardinha. Depois chegou a Andrea. Secretamente, olhámos para o presente que tínhamos comprado as quatro. Substituímos um dois por um quatro. Escrevemos as nossas dedicatórias no postal do Twilight que a Andrea tinha encontrado. Dizia qualquer coisa como “O teu amor… Para a eternidade”. Se não era assim era nestes trâmites. A minha dedicatória dedicava uma série de pequenos roedores ao novo ano de vida. Tudo isto por baixo da mesa. Andrea escondeu o cupcake na cadeira que estaria destinada ao Wolverine, não tivesse ele ficado aprisionado ao serviço do trabalho.

Bebemos, falámos dos professores, e depois levantaram a mesa de repente. Deram-nos uns copos de plástico para o resto da sangria e disseram-nos que precisavam da mesa, não podíamos ficar lá mais tempo. Que horror. Princesa Fifi disse-me que liderasse o caminho até ao Caricaturas, e eu comecei a liderá-lo. Mas ninguém me seguia. Andrea estava revoltada por McSousa vir a ser a Rainha das Fadas sem ela (poderia ser a Condessa das Fadas, ou a Baronesa das Fadas, se existisse tal personagem. Disse-lhe que podia arranjar maneira de ela ser o Muro, porque temos um actor que faz dois papéis, mas ela estava demasiado revoltada para me ouvir). Quando me virei para fazer com que me seguissem, uma série de gente tinha desaparecido. Dos amigos da Princessa Fifi só sobrava um, cujo nome até recordo, surpreendentemente. O Guitarrista tinha-se ido embora. E eu nem me despedira. Devo ter parecido uma bêbada antipática.

Enfim, fomos para o Caricaturas, onde pedimos o primeiro de muitos Dragon Ball (o plural de Dragon Ball NÃO É Dragonbóis!) e sentámos. Antes disso decidimos dar a nossa prenda à Princesa Fifi e acender a vela. A nossa prenda era um voucher para uma sessão de massagens faciais, para quatro pessoas. Essas quatro pessoas não têm necessariamente de ser nós, evidentemente, dado que não é uma prenda nada egoísta, absolutamente nada! No postal do Twilight eu tinha incluído um retrato da Princesa Fifi (um hamster russo com um vestido de princesa. E com uma coroa), que ela também pareceu gostar muito. Demos abraços de grupo, foi bom. Por momentos pareceu que ela ia chorar. Acho que o que ela apreciou mais foi mesmo o cupcake. Nós sabemos o gosto que tem pelos cupcakes do Tease. E por velinhas oferecidas por senhoras de loja simpáticas. Enfim, sentámos e falámos sobre tudo. Brindámos aos Licantropos, porque não me deixaram brindar às Gárgulas de Poliéster. Entretanto apareceu uma série de gente, e é a partir daqui que a minha memória começa a estar bastante difusa. Apareceu a TaSi, que tinha uma garrafa de moscatel só para ela. Apareceu o Wolverine. Apareceram Johnny, Chico Norris, Dori e DJ. Apareceu T., com mais pessoas.

Entretanto McSousa levou-me para a rua para me falar de um detalhe de Dominação do Mundo, a qual já não vai por motivos familiares. Quando voltei, fui à casa de banho. E dentro do armário da casa de banho… Estava Andrea. Abriu o armário e gritou-me, eu gritei-lhe de volta e depois eu fiz o que tinha a fazer e rimo-nos.

E por ali ficámos. Há alguns anos que não ficava, no verdadeiro sentido da palavra, no Caricaturas. Não sei quantos mais Dragon Ball bebi, do bem, do mal, mais ou menos. Talvez um ou dois. Ou três. McSousa diz que bebeu dezassete, mas depois a conta já estava nos trinta e quatro, nunca se sabe. Ocorreram várias coisas nesse local.

McSousa foi utilizar o seu efeito-bifa para conseguir bebidas gratuitas. Aparentemente conseguiu-as.

Disseram-me uma coisa importante, que eu ouvi mas não recriarei, e eu respondi de forma pouco importante porque nunca se sabe se as coisas importantes o são realmente ou se é só a fingir.

Andrea teve uma conversa séria comigo. Diz que não está chateada, mas é bem possível que esteja.

Falei com Dori sobre Dominação do Mundo, partilhámos medos e anseios. Garanti-lhe que não precisava de ter medo do carrocel, porque eu serei o seu cavalinho. Só precisa de se agarrar a mim e apreciar a volta.

Apareceu Chico Manel. Mandou a McSousa levantar a bufa do chão. TaSi adorou o Chico Manel, mas isso é natural, porque toda a gente o adora. Ele vinha desesperado por fumar verde, mas tinha sobre si o peso da responsabilidade de uma audição no dia seguinte. Mas o corpo venceu, e a mente ficou toda maluca.

Ivone e TaSi diziam coisas contraditórias sobre o Spear. Ou coisas análogas.

McSousa implorou moscatel a TaSi e eu tive de lhe pedir delicadamente para lhe molhar os lábios com esse melaço divino.

Entretanto a Andrea e o Wolverine e o T. foram-se embora. Eu quase que chorei para implorar que todos os outros ficassem comigo, estava demasiado animada para me ir logo embora. Ficaram, graças ao divino. Obrigada, obrigada, muito obrigada. Ivone e TaSi foram ter com uns amigos e a partir daí o Hugolino, que se mantinha mais ou menos silencioso desde a nossa ida para o espaço aberto da rua, começou a insistir que fôssemos ter com ela. Demorámos, mas conseguimos ir para o sítio onde ela disse que estava. Mas lá chegados, à porta do Eclipse, não a vimos. Descemos mais, já eram horas de fechar. Descemos mais e sugeri irmos para a Baixa, mas ninguém quis ir para a Baixa porque lá não se fazia nada. Fomos para o Jardim das Oliveiras, onde nada se faz também. Hugolino, Princesa Fifi e o amigo dela despediram-se no Camões. Antes disso McSousa e Princesa Fifi já tinham trocado de sapatos, porque os desta lhe faziam doer os pés. Mas os da Princesa Fifi eram demasiado grandes na McSousa e os da McSousa demasiado pequenos na Princesa Fifi, pelo que rapidamente voltaram a trocar.

Ao descermos, McSousa disse-me que gostava de nós e que podíamos ser simplesmente nós próprias ao pé umas das outras. O que é verdade. Somos se calhar as únicas pessoas ao pé das quais podemos ser aquilo que quisermos, que é sermos nós. Lá em cima ela havia chorado a dizer que não queria ser veterinária, também chorou no caminho e também chorou lá em baixo. Fiquei um bocado surpresa quando ela disse que naquele momento só a Rapariga-que-fugiu-de-casa a poderia compreender, quando a realidade é que todas compreendemos. Alguma de nós quer ser veterinária? Acho que não. Apenas nos habituámos à ideia de que vamos ser mesmo veterinárias e estamos todas a tentar adaptar-nos e a tirar o melhor partido disso. Não é o ideal, mas se calhar se trabalharmos agora possamos ter tempo livre para fazer o que realmente gostamos no futuro. Lá em baixo, houve outra discussão, em que a McSousa revelou que na realidade nunca está a filtrar com ninguém, quando todos acreditam que ela filtra. Houve revoltas. Eu cá estava a ficar um pouco farta da conversa, mas não havia maneira de a evitar ou de a mudar, e de falar de, sei lá, coelhos com cestos de ovos da Páscoa.

                Fomos depois esperar um pouco para a porta do Cais do Sodré, onde cantámos Excesso. Vimos um táxi e meti-me dentro dele sem esperar que a luz passasse a verde. No dia seguinte estava a dormir às dez da noite.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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