quinta-feira, 31 de março de 2011

Santarnárnia


Entre o dia vinte e cinco e o dia vinte e sete de Março de dois mil e onze, por todas horas, realizou-se em Santarém uma reunião presidida por mim e com a presença de Andrè, Dori, Johnny, DJ e Chico Norris e com a seguinte ordem de trabalhos.

Tinha pedido à Nela que fizesse sopa e carne picada para comermos e com esses elementos esperei à porta de casa que Johnny e Dori me fossem buscar. Atrasaram-se, porque se perderam um bocadinho, mas logo continuámos no infernal trânsito de sexta-feira, rodeados de pessoas que tinham tido exactamente a mesma ideia que nós: passar o fim-de-semana fora. Mas ao contrário de nós, não iam para Nárnia. Nós estávamos a caminho. Andrè, Chico Norris e DJ estavam atrasados, pois havia problemas no nosso perlimpim. Pediram encarecidamente que levássemos vinho bom. Parámos em Aveiras, onde Johnny lhes telefonou e eles voltaram a pedir vinho, montanhas de vinho (tal também já vinha escrito na lista de compras). E aí ele disse-nos que não havia boas notícias. Eu cá conseguia sobreviver com isso bastante bem, mas Dori ficou triste. Estava triste porque “era a sua única oportunidade de experimentar” e assim “ia ser só uma bebedeira normal”. Mal sabia ela que este fim-de-semana ia ser composto por uma série de partidas de Johnny que envolviam pequenas mentiras deste género.

No dia anterior, o meu pai tinha feito croquis. Não precisámos deles até entrar em Santarém, onde fomos ao Modelo, que agora é Continente. Fizemos duzentos euros em compras, sabe-se lá de que forma, após duas horas de longa pesquisa. Encontrámos Chico Norris e os outros na secção dos vinhos, onde Andrè me abordou imediatamente dizendo “estás com a mocaaaa”. Eu disse-lhe que sim, e que ele também, mas ele não estava, o que é uma pena porque os supermercados são mais interessantes assim. Pessoalmente, causam-me sono normalmente. Depois sim, precisámos dos croquis. Ao que percebemos que eles não estavam numerados! Assim, após alguns momentos de pânico, lutámos por encontrar o caminho. Eu sabia apenas que era em direcção a Rio Maior e Caldas da Rainha e entretanto comecei a reconhecer o caminho. Chico Norris tinha um GPS, mas passado algum tempo eu era um melhor GPS. Apenas não me chamo Gisele, que é o nome de todos os GPSs. Isso ou Darth Vader. Entrámos no Picaró, terra demoníaca, e saímos do Picaró alguns segundos depois. Entrámos na Moçarria, dirigimo-nos aos Casais da Marcóia ignorando a Vila Nova da Babeca e as Outras Direcções e entrámos na inominada Quinta dos Limoeiros, com o seu portão verde fechado com uma grande corrente e cadeado e o seu “parque de estacionamento” não iluminado. Guiei os carros pela rua abaixo, até lhes mostrar onde estacionar, no meio da erva crescida. Assustaram-se com a carrinha abandonada do meu pai, pois pensavam que esta era a casa. Até nem era má ideia. Mostrei-lhes o interior, arrumaram-se as coisas, montaram-se as colunas de som, Andrè descarregou duas travessas de massa com queijo e couves e salsichas de peru e eu cheirei a minha casa. Cheirava ao mesmo. Tinha coisas novas, como o sofá vermelho e o tapete, mas não as detestei, como costumo fazer às coisas novas. Estava lá o poster dos Pokémons e o poster da Marilyn Monroe. O meu armário tinha a minha camisa e o meu pijama, a minha cama tinha o meu edredon e a minha cómoda tinha as minhas velas. Estava em casa.



No pack de 7Up, vinha um notebook do Fido. E ele nos acompanhou, prova viva dos acontecimentos.

Santarém
                                               25/03/2011
Assim, às 22:46, damos início à nossa aventura.

Início modo caos! [00:40]
UNO CARALHO
Eu acho que devemos ouvir The Kooks, mas ninguém me deixa 1:43


Vamos curtir música fofa japonesa caralho.

DESENHO DE UM HAMSTER

O Asimov foi ligado, com a linda imagem do Kusuriuri, vendedor de remédios, meu pai adoptivo e meu explicador de farmacologia (além de meu husbando~), e com som. Obriguei toda a gente a ouvir música Japonesa, nomeadamente MINMI, Malice Mizer (a Au Revoir, do tempo de Nosso Senhor), ARM, ReDALICE, Kagamine Rin, Hatsune Miku, Perfume, Megurine Luka, MEIKO, Gackpoid e outras músicas, como Kassim e a cover de Nouvelle Vague da Forest. Neste momento já teríamos entrado no referido modo caos, após utilização do kit de cortar pêlos do nariz. Comecei a admirar elementos da minha casa, nomeadamente o novo tapete e os espanta espíritos que, por sinal, rodopiavam. Dançámos muito. DJ aparentemente gostou de happycore. Tentámos por a sheesha – ou lá como se escreva – a funcionar, mas nunca conseguimos. Não pegava, o carvão. Tínhamos verde por cima e transparente por baixo, ma combinação perfeita. Mas no processo queimamos o fosso do castelo e criámos a unidade de queimados no hospital. Finalmente ficou alguma coisa de jeito, bem saboroso por acaso, mas foi de pouca dura. Andrè abriu garrafas com dificuldade. Tive de perguntar ao meu pai onde havia saca-rolhas, mas ele não me disse, só disse para termos cuidado com o whisky porque tinha todo doze anos.

Antes disto já tinha ido ver o meu cão, o Infeliz. Sentei-me ao lado dele e falei com ele. Chorei um bocadinho ao pé dele, porque já não o via há muito tempo e muitas coisas aconteceram desde essa última vez. Depois voltei e explorámos um pouco.

Eu sou uma árvore

DESENHO DE UMA ÁRVORE

É lembrar que já sabes
 444

5:37
Querida
                Mudei a casa ao som de Daft Punk
Harder, Better, Faster
Stronger

Descoberta a arma do crime! 5:46

Chico Norris estava com problemas, depois de ter perturbado o chão da minha casa de banho. Aparentemente, deram-lhe um papelinho. Um pedacinho de guardanapo, está claro. Depois encontraram um grande pedaço de guardanapo, pelo que concluímos que Chico Norris tinha morrido com uma overdose de guardanapo. Entretanto Andrè também já se havia retirado, para dormir muito e ficar acordado no dia seguinte.

Havia livros por toda a parte, diga-se de passagem.

6:01
Estou contente por ao menos ainda ter dinheiro para gastar em ácidos.

Está verde lá fora
6.26

(07:32)-FEXA

Estou acordada. E só.
12:34

14:08
Onde é que está o leite???
Damnnnn!

Acordei! (15:20)

Após um jogo de UNO, joga-se trivial pursuit

Chico Norris sabia tudo.

16:48
Onde é que está o tchan?!?!

E agora ouvimos uma música de uma acta passada

17:15

Vamos jogar ao PI!

Foi feita utilização da tesoura de cortar pêlos do nariz de novo. Tentámos jogar ao UNO. Eu apenas observei. Foi fascinante. Depois eu brinquei durante alguns minutos, que me pareceram apenas alguns e não muitos, com a rata do Andrè.

(18:32) Com o isqueiro no rabo, a rata pode ficar com o rabo em chamas. Este quarto não tem camas. CHICK NORRIS

5 CAFÉS! (18:49)

Não correram bem.

O futuro é redondo e boobie like!
Afinal o chá de coca tá vivo!
Voa sem 1ª pata! … The dog days are over!

Já referi que pensavam que o meu candeeiro da sala eram mamas? Foi a minha mãe que o escolheu.

19:10 – Melhor torta de Morango do mundo

19:35 - Tu dormiste bué mas estás todo janado

19:42 – Chico Norris bora po quarto by Johnny

20:05 – Descobriu-se que o comboio que passa na castanheira e sai às 19:40 já partiu.

Isto descobriu-se mesmo, não foi alucinação. Eu e Dori tínhamos ido beber café e comprar tabaco à aldeia, a Moçarria, à pastelaria porque tive medo de entrar no café e encontrar lá todos os amigos do meu pai. Lá, ainda contemplámos ir pelas Outras Direcções, falámos com um cão, falámos com uma gata prenha e ouvimos falar do comboio que vinha do Setil e passava na Castanheira.

20:13 – Pra mim é morte. Já!

20:21
Lady Spanks the PUSSY

21:44
Andrè – “Dark é bom”

21:46
A partir desta hora a Dori passou a ser
CRISTINA!
Andrè diz acerca da luz no PC
Ela está quieta mas tb se está a mexer

21:55
CHIC NORRIS: GRANDE FESTA! J

22:05
Sim, sim, vai buscar o isqueiro

INGUANA

Neste momento saímos de casa para ver a aldeia. Primeiro fomos para o lado esquerdo, em direcção à auto-estrada onde está o fantasma do meu cão Shadow. Encontrámos uma casa enorme e entrámos pelo portão para a ver. Pensámos em entrar de forma definitiva, mas iriam logo saber quem são. Havia muitas casas novas que eu desconhecia e, ao ouvir os cães a ladrar, ficámos com receio e fomos para o lado direito. Subimos a rua e decidimos ir para Outras Direcções. Descemos uma rua enorme, que nunca quereria subir na vida, e andámos até à igreja. Lá, Andrè e Cristina separaram-se de nós para explorar uma rua escura, mas esperámos por eles e voltaram. Depois chegámos à tal rua e eu obriguei toda a gente a dar a volta, pela rua que está demonstrada no tapete da minha casa. Começou a chover e ninguém acreditava que eu estava a seguir no caminho certo, nem eu própria às vezes, mas a verdade é que consegui! Chico Norris voltara sozinho pelo outro lado. E começava a chover. Mas chegámos, sãos e salvos.



Em homenagem ao holandês VOADOR

DESENHO DE UM GATO

23:10
Esta música dá vontade de ir à coca (Andrè)

23:59
Jesus também ganiu, é verdade!

00:00
Onde é que está o tempo?

24:20
                O que é que eu meti?
O corpo dela tá numa temperatura bué bacana

Street’s like a jungle
So call the police

Santarém, Santarém
Onde fomos nós parar
Tant ficamos ele f….
Cé et fica ….
E agora fa……
………..

1:14/2:14
O que é que eu escrevo aqui, afinal de contas?

É isto que querem pa vida…

2:27/3:27
DJErvilha: “EU ESTOU A VER PIXEIS”
                                               LOOOOOOOOOOOL

Quando cai a noite na cidadeee….
CÍRCULOS ESTRANHOS

Entretanto estivemos no Interespaço.

E DJ falava das pedras verdes cintilantes. Afinal, estávamos rodeados de verde.

Eu olhava para o Asimov e para o Kusuriuri. Via as estações a passar naquela imagem. Vimos aquilo a que chamámos a “novela”. Fitas que rodopiavam no desktop, um screensaver do Windows 7. Aquilo tinha uma história. Achamos. Pelo menos Cristina estava fascinada.

E durante todo este tempo, eu sentia a presença. Era estranho e assustador. Os meus espanta espíritos rodopiavam. E eu sentia a presença. Cada vez que olhava para trás parecia-me que vinha lá alguém. Um vulto escuro. Alguém que passava atrás de mim. Alguém que estava lá. A sétima pessoa. Supusemos tudo. Fantasmas. Aparições. Gente morta. O espírito dos livros. A moca. Cada vez que eu me ia ver ao espelho ou à casa de banho tinha medo, mas ao mesmo tempo não tinha. Pareceu-me ver a sétima pessoa atrás de mim quando me olhei ao espelho. Olhar no espelho era sempre uma aventura. Afinal nós éramos assim. Eu era uma pessoa vermelha e encolhida, com uma camisola às cores que parecia um marshmellow e era a coisa mais fofa que havia naquela casa.

Nicodemoemmmmm

5:04
“Deixa-me viajar na minha maionese” (Lady)

Andrè estava a ser mesmo chato, sempre a querer que eu bebesse. Olha bebe, dizia ele, mas eu não queria. Estava constipada. Entretanto estava  apassar a banda sonora do Tron e eu falei do Asimov, de como se estava a portar bem mas como eu não gostava da novela. E o Asimov zangou-se comigo! Começou a por uma música mesmo alta e assustadora, e a fazer com que as fitas andassem de uma maneira super agressiva e maldosa! Estava a deitar tudo cá para fora, a mandar-me tudo à cara! Mas eu perdoei-o.

O Asimov está a olhar para mim

5:12
Estou bué contente por parar o carrosel e eles não “Chico Noirris”
I LIKE
                Chicko Norris

Estamos emNova York? Se estivermos manda
*#121#número da pessoa#
VERDE

RISCOS

Por volta das 4 e meia
E não sei muito bem o que é
Que se esta a passar
Eu não estou aqui!
Eu NÃO
ESTOU
                AQUI!

De repente, Andrè decidiu mostrar-nos os desenhos que tinha feito. Começou a gritar “Chico Norris, Chico Norris, fiz um desenho teu!”

Era este o desenho.



E estes eram os outros. Depois ele desenhou toda a gente, menos eu. Ainda bem, porque senão iria sair algo como uma louca de olhos brilhantes e cabelos esbugalhados.



--> Completadas 12 horas

¼ p/as 5
Isto tem momentos bué dignos
Eu continuo a brilhar feito Eduardo.
Cristina: “Vai por a novela outra vez!!”
LOOOOOL

7:34
Assim dou por terminada esta nossa aventura.
Não percam o próximo episódio porque…

7:37
8:06 – Hora de fecho do carrocel

Vai ser giro arrumar isto tudo.

Ouvimos lounge budista, vimos o verde tornar-se azul, falámos do nosso projecto do Avante!Online, arrumámos tudo enquanto víamos um filme do Van Damme e fomos embora. Eu aspirei. Para mim o mais difícil, além da presença, do sono e do pânico de ter a cidade do tapete destruída, por meteoros e um maremoto de chuva ácida, foi pensar como haveria de escrever a acta.

E, nada mais havendo a tratar, foi lavrada a presente acta que, depois de lida e aprovada, vai ser assinada pelo presidente e por mim, a Amiga Imaginária, na qualidade de secretária, que a redigi.

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